Hermínio Sacchetta nasceu em São Paulo, no ano de 1909, filho de Italo Sacchetta e Custódia Torre Pantaleo Sacchetta, imigrantes italianos. Iniciou sua carreira na imprensa como revisor do jornal "Correio Paulistano", passando depois por importantes veículos como "Folha da Manhã", "Folha da Noite", "Diários Associados" e "O Tempo". Engajou-se na militância política através do Partido Comunista do Brasil (PCB) em 1932, onde atuou no setor de agitação e propaganda, dirigiu o Comitê Regional de São Paulo e foi um dos principais editores do jornal "A Classe Operária". Em 1937, foi expulso da organização sob alegação de dissidência trotskista. Preso político durante o Estado Novo, após sua libertação em novembro de 1939, participou da fundação do Partido Socialista Revolucionário (PSR), vinculado à IV Internacional. Atuou na Liga Socialista Independente, de tendência luxemburguista e, nos anos 1960, no Movimento Comunista Internacionalista. Em agosto de 1959, foi preso e impedido de exercer a atividade jornalística por cinco anos. Mestre do jornalismo, colaborou na formação de vários profissionais e contribuiu com a imprensa diária e a de divulgação política. Morreu em 1982 na cidade de São Paulo.
Criado em 1931, o Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT) estruturou-se nos moldes da Taylor Society, dos Estados Unidos, e divulgou o processos racionalista de trabalho, em andamento nos grandes centros industriais, articulando a implementação do taylorismo no Brasil. Contou com o apoio dos empresários paulistas organizados pela Associação Comercial de São Paulo, tendo à frente o engenheiro Armando de Salles Oliveira, diretor do jornal "O Estado de S. Paulo", além do professor Roberto Mange, da Escola Técnica Liceu de Artes e Ofícios e da Escola Politécnica. Preocupado com os aspectos organizacionais e de formação profissional, realizou seus primeiros projetos em empresas particulares. Considerada a primeira empresa de treinamento no Brasil, a partir de 1934 dirigiu suas atividades para a administração pública, implantando a Reorganização Administrativa do Governo do Estado (Rage), inicialmente em São Paulo, e depois nos estados do Paraná, Pernambuco e Goiás. Em 1941, foi responsável pela estruturação do Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional (Cfesp) e, em 1942, pela criação do Curso de Organização Racional do Trabalho e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Miguel Costa nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1885, e imigrou para o Brasil em 1892 com sua família. Inicialmente, moraram na Fazenda Pau d'Alho, em Piracicaba e, após cinco anos, foram para a cidade de São Paulo. Aos 15 anos, Miguel Costa ingressou no Corpo de Cavalaria da Força Pública. Em 1910, foi promovido a oficial e, em 1922, chegou à patente de major após sucessivas promoções. Participou dos levantes de 1924 e integrou a Coluna Miguel Costa-Prestes a partir de 1925, ano em que também foi expulso da Força Pública. Posteriormente, exilou-se na Argentina, onde iniciaram-se as articulações para o movimento de 1930 para o qual Miguel Costa foi convidado a chefiar as forças vindas do Sul e que tomariam São Paulo - o Destacamento Miguel Costa com doze mil homens do Exército e das Brigadas do Rio Grande do Sul e do Paraná. Após a vitória do movimento em outubro, Miguel Costa foi nomeado Secretário da Segurança Pública em São Paulo. Ainda no final de 1930, ajudou a fundar a Legião Revolucionária de São Paulo que, posteriormente, se transformou no Partido Popular Paulista, no ano de 1932. Em 1931, pediu sua exoneração dos cargos públicos que ocupava. Já em julho de 1935, partidário da Aliança Nacional Libertadora, foi preso e ficou sob custódia durante um ano e oito meses. Foi casado três vezes: Benedita Laura de Campos, com quem teve três filhos; Felícia Perfecto e Euridina de Moraes, com quem teve mais dois filhos. Faleceu em São Paulo em 2 de setembro de 1959 com 74 anos.
Roberto Cardoso nasceu na cidade de São Paulo, em 1928 e morreu em julho de 2006. Bacharelou-se (1952) e licenciou-se (1953) em Filosofia na Universidade de São Paulo (USP), mas sua carreira voltou-se para a antropologia. Em 1954 começou a trabalhar no Museu do Índio, onde iniciou seus estudos junto aos índios Terena. Já em 1958, passou a trabalhar no Museu Nacional e ajudou a formar o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social na instituição. Doutorou-se em Sociologia pela USP, sob a orientação de Florestan Fernandes, e aprofundou sua pesquisa sobre os índios Terena. Realizou estágio pós-doutoral no Departament of Social Relations da Universidade de Harvard, EUA (1971-1972). Participou ativamente na implementação de políticas voltadas para o desenvolvimento da antropologia no país. Criou cursos, fundou revistas, gerou programas de pesquisa importantes, sempre acompanhado de atividades de sala de aula e orientação. Sua trajetória no ensino da antropologia foi marcada por procedimentos que lançaram as bases do caminho a ser trilhado pelos novos antropólogos brasileiros. Sua ativa participação em agências de incentivo, de financiamento de pesquisa e associações científicas foi fundamental para a implementação de políticas voltadas para o desenvolvimento da antropologia no país. Também foi professor e pesquisador da Unicamp e da Universidade de Brasília. Dentre sua extensa produção acadêmica, destacam-se as obras: "O Índio e o Mundo dos Brancos" (1964), "A Sociologia do Brasil Indígena" (1972), "Sobre o Pensamento Antropológico" (1988) e "O Trabalho do Antropólogo" (1998).
Duarte Brasil Lago Pacheco Pereira nasceu em Santo Amaro da Purificação, Bahia, no dia 7 de março de 1939. Por volta do terceiro ano ginasial, entrou para o Seminário Central da Bahia, uma das escolas mais importantes do estado, onde estudou por seis anos antes de desistir da formação sacerdotal. Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal da Bahia. Iniciou sua atividade política no movimento estudantil baiano, chegando a ser vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1963. Foi um dos fundadores da Ação Popular (AP) em 1962, e de 1965 a 1973 vinculou-se à direção nacional da organização. Em 1965, transferiu-se para São Paulo onde trabalhou como professor universitário e jornalista e, no final da década de 1960, vinculou-se ao trabalho operário na cidade de Osasco. Escreveu diversos livros, entre eles, "ABC do entreguismo: o capital estrangeiro no Brasil" (Vozes), "Um perfil da classe operária" (Hucitec), "China: cinqüenta anos de República Popular" (Anita Garibaldi). Também publicou diversos artigos e ensaios, além de ter sido colaborador das revistas Realidade e Veja e do jornal Movimento.
A Fábrica de Tecidos Carioba foi fundada em 1875 na cidade de Americana, estado de São Paulo. Estava localizada próxima às vias férreas e fluviais (Estação Santa Bárbara, Rio Piracicaba e Ribeirão Quilombo), onde encontrou os requisitos básicos para a sua instalação e desenvolvimento, alcançando importância relevante entre as indústrias que nasceram no final do século XIX na região de Campinas e marcando o início das grandes tecelagens paulistas.
Em 1901, após dificuldades financeiras, a tecelagem foi adquirida pelo comendador alemão Franz Müller (depois Franz Müller Carioba) e outros. A Vila Operária ali existente foi ampliada em sua infraestrutura e no início da década de 1920 a fábrica empregou mais de 700 operários, a maioria imigrantes italianos, chegando a 2 mil no início da década de 1940. O pequeno centro fabril, que se expandiria no futuro, inovou com tecnologia e criatividade, destacando-se o fornecimento de energia elétrica para a região, gerada na própria usina, e a preocupação com maior rendimento das sementes de algodão e de outros grãos.
Desde sua fundação até 1976, data de sua extinção, a fábrica obteve várias denominações e proprietários de diversas nacionalidades, a saber: Souza Queirós, Ralston & Cia.; Clement H. Wilmot &Cia. (1882); Jorge & Clement Wilmot e outros; Cia. de Tecidos Carioba (1889); Rawlinson, Müller & Cia. (1901); Fiação e Fábrica de Tecidos de Algodão "Carioba" (1911); Müller Carioba & Cia. (1930); Grupo J. J. Abdalla (1944).
Liborio Agustín Justo nasceu em Buenos Aires, em 1902. Filho de Agustín P. Justo, cresceu vinculado à um meio social conservador e à tradição histórica de seu país. Acadêmico de Medicina, abandonou sua formação e seguiu pelo Paraguai, Europa e Estados Unidos para trabalhar e estudar. Filiou-se ao Partido Comunista em 1932 e, em 1935, fundou a Liga Obreira Revolucionária, ligada à IV Internacional, período em que seu pai foi Presidente da República Argentina (1932-1938). Foi editor do jornal Lucha Obrera. A partir de 1943, retirou-se da política e passou a viver nas Ilhas Ibicuy, na província argentina de Entre Ríos, próximo à natureza, como tinha vivido em sua infância e adolescência. Estudioso da história política latino-americana, literato e crítico das letras argentinas, publicou diversos livros, entre eles: Nuestra Patria Vassala: historia del coloniaje argentino (1968) Bolivia: la revolución derrotada: 1946-1954 (1971) e Río Abajo (1955); alguns sob os pseudônimos de Quebracho e Lobodón Garra.
Jessie Jane Vieira de Souza (1949- ), atualmente professora do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Colombo Vieira de Souza Júnior (1949-2021) eram militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) quando foram presos em 01 de julho de 1970, durante a tentativa frustrada de sequestro do avião Caravelle PP-PDX, da companhia Cruzeiro do Sul, no aeroporto do Galeão, Rio de Janeiro. O objetivo da operação era fazer a troca dos reféns pela libertação e saída do país de 40 presos políticos. Junto do casal estavam também os irmãos Eiraldo e Fernando Palha Freire. Após o avião, já em solo, ser cercado e invadido por tropas especiais da Aeronáutica, Eiraldo Palha Freire foi baleado, vindo a morrer uma semana depois. Fernando Palha Freire, Jessie Jane e Colombo foram presos e condenados a mais de 20 anos de prisão. Jessie Jane e Colombo permaneceram durante nove anos nos presídios de Bangu e Ilha Grande; sofreram torturas no Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) e no Centro de Informações e Segurança da Aeronáutica (Cisa). Em 1972, obtiveram autorização judicial para se casaram e, em setembro de 1976, nasceu Leta, filha do casal, na Clínica São Sebastião, Rio de Janeiro, sob vigilância policial e tortura psicológica.
Patrícia Rehder Galvão nasceu São João da Boa Vista. Com apenas 15 anos foi trabalhar no jornal "Brás Jornal", de São Paulo, com o pseudônimo de "Pathy". Nas décadas de 1920 e 1930 participa do Movimento Modernista, alista-se na militância do Partido Comunista e edita o jornal esquerdista "O homem do povo" onde assinava a coluna feminista "A mulher do povo", com ilustrações, cartuns e até histórias em quadrinhos. Tempos depois lançou o romance "Parque Industrial", obra que reflete sua solidariedade com o proletariado e conclama o comunismo como recurso salvador. Em 1931, participa do comício dos estivadores em Santos e acaba sendo presa. Viajou pelo mundo como jornalista correspondente. Em Paris estuda na universidade de Sobornne, mas é presa como comunista. Volta ao Brasil é novamente presa e sofre torturas. Decepcionada desliga-se do PCB em 1940. A nova fase foi dedicada ao jornalismo, à cultura e à família. Torna-se crítica de teatro, literatura e televisão do jornal A Tribuna de Santos. Teve relevante importância cultural na cidade: foi fundadora da Associação dos Jornalistas Profissionais e a primeira presidente da União de Teatro Amador de Santos. Participou na organização do Segundo Festival de Teatro Amador e traduziu para o teatro a peça de Tonesco, "A cantora careca". Traduziu e dirigiu a peça de Arrabal "Fango e Lis" (59) com um grupo amador (essa peça teve estreia mundial em Santos, sendo vista até em Paris), ficando mais de dez anos em cartaz.