Ataliba Teixeira de Castilho nasceu em Araçatuba, SP, 01 de abril de 1937, filho de Luiz Antônio de Castilho e Edith Teixeira de Castilho. Em 1959, graduou-se em Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo com a ajuda de bolsa concedida pela Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto. No ano seguinte faz curso especialização em Filologia Românica. Conclui Doutorado em 1966. Em 1981 participa de progama de pós-doutorado nos EUA, na Cornell University e na University of Texas at Austin. Em 1990 dirige se a França para curso pós-doutorado na Université D´aix Marseille. 1995 Institute Of Linguistics. 1997 Universita degli Studi di Padova. 2001 University of California San Diego. É livre-docente pela USP desde 1993. Começa sua carreira como professor em 1959, ministrando aulas para o curso secundário no Ginásio Estadual 'Prof. Francisco Roswell Freire', em São Miguel Paulista. Em 1960 foi professor interino de Latim na escola normal de Suzano, SP; no ano seguinte, inicia carreira como professor universitário. De 1961 a 1975 foi professor titular de língua portuguesa na Faculdade de Ciências e Letras de Marília, SP; de 1975 a 1991 foi professor titular de Lingüística Portuguesa no departamento de Lingüística da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Em 1991, ano de sua aposentadoria, atua como professor convidado da UNICAMP. De 1992 a 1993, assume como Professor Doutor de Filologia e Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo. Desde dezembro de 1993 é Professor Associado nessa mesma instituição. Em 1997, assume a função de coordenar o programa de pós-graduação em filologia e língua portuguesa. Além da função de professor, ele também participou de inúmeros projetos, entre eles: foi sócio fundador da Associação Brasileira de Lingüística (ABRALIN), na qual foi presidente no biênio 1983-1985 e conselheiro da associação em quatro gestões: 1969-1971, 1973-1975, 1975-1977 e 1977-1979. Com a entrada do Brasil no projeto NURC ele assumiu, junto ao Prof. Isaac Nicolau Salum, a coordenação do Projeto em São Paulo (NURC-SP) e junto com o Prof. Dino Preti deu início às primeiras publicações do corpus coletado pelo projeto em São Paulo e no Brasil, permitindo que outros pesquisadores tivessem acesso a esse material. Realiza também inúmeras atividades junto a entidades cientificas e para-cientificas como a CAPES, CNPq, ANPOLL, FAPESP, entre outras. Ele também tem em seu currículo inúmeros trabalhos apresentados e alguns estágios em vários centros de reconhecida notoriedade no exterior.Foi um dos fundadores, em 1969, do Grupo de Estudos Lingüísticos do Estado de São Paulo (GEL), sendo seu primeiro Presidente de 1969 a 1971. Foi secretário de 1978 a 1979, na ocasião em que foi Presidente o Prof. Rodolfo Ilari, gestão em que se principiou a publicação dos Estudos Lingüísticos (Anais dos Seminários do GEL). É Membro da Comissão de Organização da Associação Brasileira de Lingüística (ABRALIN) desde 1969, juntamente com J. Mattoso Câmara Jr. e Aryon Dall'Igna Rodrigues, tendo sido também conselheiro em quatro gestões e Presidente de 1983 a 1985. Junto ao Programa Interamericano de Lingüística e Ensino de Idiomas (PILEI), é um dos Delegados brasileiros, desde 1969; Foi diretor do V Instituto do PILEI, realizado na Universidade Estadual de Campinas, de janeiro a fevereiro de 1980. Na Associação de Filologia e Lingüística da América Latina (ALFAL), desde 1969; Vogal de 1981 a 1992; Presidente da Comissão Organizadora do IX Congresso Internacional, realizado na Universidade Estadual de Campinas em agosto de 1990; atualmente é Coordenador da Comissão de Lingüística Portuguesa, criada durante o X Congresso, em 1993. É também filiado à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), desde 1969; e à Sociedade Brasileira de História da Ciência, desde 1983. Também realizou o 'Projeto de História do Português de São Paulo' (PHPSP), iniciado em 1995, com sede na Área de Filologia e Língua Portuguesa da USP - com o objetivo de historiar o português da Cidade de São Paulo, em analisado em contraste com o Português implantado em outras capitais brasileiras - projeto desenvolvido com a participação de alunos da graduação e da pós-graduação da USP. O 'Projeto de Gramática do Português Falado' (PGPF), tem por objetivo a redação coletiva de uma gramática referencial do português culto falado no Brasil, com base nos materiais do Projeto NURC/Brasil. Ataliba conseguiu reunir 35 pesquisadores de 12 universidades brasileiras, de posições teóricas distintas, distribuídos por cinco Grupos de Trabalho (Fonética e Fonologia, Morfologia, Sintaxe I, Sintaxe II e Organização Textual Interativa). O Professor continua em atividade e produzindo trabalhos acerca dos mais diversificados temas lingüísticos, junto às principais instituições de estudos da linguagem do Brasil e do Mundo.
Flávio de Rezende Carvalho nasceu em Amparo da Barra Mansa no estado do Rio, em 10 de agosto de 1899, filho de Raul de Rezende Carvalho e de Ophélia Crissiuma. No ano seguinte, muda-se com a família para São Paulo, onde, a partir de então, fixam residência. Inicia seus estudos em 1907, na Escola Americana de São Paulo. Em 1911, durante uma viagem pela Europa com sua família, é colocado em regime de internato no Lycéé Janson de Sailly, Paris. Em 1914, por ocasião do início da primeira guerra, fica retido na Inglaterra e inscreve-se, então, no Claphan College, Londres. No ano que segue, matricula-se no Stonyhurst College em Blackburn, para estudar filosofia. Nesse período, tem sua primeira experiência teatral, participando do elenco da peça 'Raffles'. Ingressa, no Armstrong College, da Durham University em Newcastle-upon-Tyne, para estudar engenharia, e matricula-se também no curso noturno da King Edward VII School of Fine Arts. No ano de 1922 forma-se em engenharia Civil pela Durham University e abandona o curso de artes, então regressa para o Brasil. Realiza em 1924 o projeto para a casa da Fazenda Pinheiros, em Valinhos, São Paulo, seu primeiro projeto pessoal. Em 1926 Flávio de Carvalho escreve seu primeiro livro: O Trabalho, que permanece inédito. Nesta mesma época faz alguns trabalhos como ilustrador colaborador do Diário da Noite de São Paulo, onde trava conhecimento com Di Cavalcanti. Apresenta em 1927 seu polêmico projeto Eficácia para o concurso do Palácio do Governo de São Paulo. Através de Mario de Andrade e de D. Olívia Guedes Penteado, trava os primeiros contatos com o Grupo Modernista de São Paulo. Em 1931, ilustra o livro Cobra Norato de Raul Bopp. Neste ano, ele é quase linchado devido ao que ele chamou de 'experiência' realizada na praça da Sé, centro de São Paulo, andando contra o caminho dos fiéis de uma procissão, baseando-se nesse fato, escreve, ilustra e publica seu livro Experiência Nº 2. Em 1933 funda Teatro da Experiência, escreve uma peça: O Bailado do Deus Morto, mas não consegue encená-la, pois o teatro é fechado pela polícia. No ano seguinte participa do primeiro Salão Paulista de Belas Artes e realiza sua primeira mostra individual, que também é fechada pela polícia. Participa da fundação do novo grupo modernista de São Paulo, o 'Quarteirão', com Oswald de Andrade, Paulo Emilio Salles Gomes, Décio de Almeida Prado, Afrânio Zuccoloto e Vera Vicente de Azevedo. No ano posterior, lança seu livro os Ossos do Mundo, prefaciado por Gilberto Freyre. Em 1942 seu pai, Raul de Rezende Carvalho falece. Publica a série Rumo ao Paraguai. Em 1944, inicia vasta pesquisa sobre a moda na história e nos trópicos que só ira ser concluída em 1956. Sua mãe, Ophélia Crissiuma de Carvalho, falece em 1947, na ocasião, ele pinta sua famosa 'Série Trágica', que é composta de desenhos que mostram sua mãe no leito de morte. Neste ano, realiza uma exposição individual no Museu de Arte de São Paulo, onde também pronuncia uma tumultuada conferência sobre o tema Os Problemas da Pintura e do Pintor, do Ponto de Vista do Pintor. Participa, em 1951, da 1ª Bienal de São Paulo e no 1º Salão Paulista de Arte Moderna, dois anos depois, conclui seu livro Meridiano 55, inicia uma extensa colaboração com o jornal Diário de São Paulo. Com o apoio de Assis Chateaubriand, através de uma conturbada passeata, lança em São Paulo o seu New Look. Faz, logo em seguida, exposição individual em Roma onde apresenta novamente o seu New Look, e recebe o apoio de Alberto Moravia e de Giuseppe Ungaretti. No ano que se segue, inicia a publicação da série Notas para a Reconstrução de um Mundo Perdido e Os gatos de Roma no Diário de São Paulo. Participa, ainda nesse mesmo ano, da 'Mostra de Arte Moderna Brasileira', no Museu Nacional de Belas Artes de Buenos Aires, é recusado pelo júri da IV Bienal e, gerando polemica, organiza uma mostra paralela, intitulada Doze Artistas de São Paulo, no saguão do prédio dos jornais do grupo Folha. O Museu de Arte Moderna de Nova Iorque adquire 3 obras suas: 'Retrato de Pablo Neruda', 'Retrato de Carvalhal Ribas' e 'Três Mulheres'. No ano de 1958, sua obra, 'Retrato de Giuseppe Ungaretti', é incorporada ao acervo da Galeria Nacional de Roma, e o museu de Arte Moderna de Paris adquire uma de suas obras, 'Retrato de Paul Rivet'. No ano que se segue, 1959, ele realiza um projeto arquitetônico para a Assembléia Legislativa de São Paulo e projeta cenários para a peça 'Calígula' de Albert Camus, no Teatro das Bandeiras, sob a direção de Jean Luc Descaves. Na década seguinte (1964), realiza mostra individual na Art Art Galeria e pronuncia uma conferência sobre o tema 'O Bailado do Deus Morto' e 'Motivos que Levam ao Abandono de Deus'. Em 1968, uma de suas obras é adquirida pelo Pushkin Museum de Moscou.No ano de 1973 é publicado seu livro 'A Origem Animal de Deus' e 'O Bailado do Deus Morto'. Nesse mesmo ano, em decorrência de um derrame, vem a falecer no dia 04 de junho, na cidade de Valinhos.
Néstor Osvaldo Perlongher nasceu em 24 de dezembro de 1949, em Avellaneda, na província de Buenos Aires. Estudou na escola primária de Avellaneda (de 1956 até 1963) e na escola secundária Nacional de Comércio nº 1 de Avellaneda(de 1964 até 1967). Entrou para a Universidade de Buenos Aires em 1968, licenciando-se em Sociologia em 1975. Durante este período foi jornalista colaborador da Editorial Atlántida de Buenos Aires (1971). Colaborou também com as publicações Persona (1984 - 1982), revista feminista argentina, El Porteño (1983) e a Folha de São Paulo (1985). Em 1974, foi secretário de redação e correspondência da Confederación General Económica de la República Argentina, também de Buenos Aires, cargo que ocupou até 1976. Foi membro notório da Frente de Libertación Homosexual, que posteriormente se converteu na primeira associação pelos direitos dos homossexuais na América Latina.
No ano em que concluiu o ensino superior (1975), publicou “Evita Vive y otras prosas”, cujo conto homônimo é seu trabalho ficcional mais conhecido. Entre suas publicações, destacam-se: “Austria-Hungria” (1980), sua primeira coletânea de poesias, “La Família Abandónica y sus Consecuencias”, este com a colaboração de Sérgio Perez Alvarez e Ramon Sal Llarguez , “Un nuevo Verso Argentino” (1982), “Alambres” (poemas, 1987); “Hule” (1989) e “Parque Lezama” (1990). Recebeu em 1987 o Prêmio Boris Vian de Literatura, na Argentina, por sua obra poética e ficcional.
Em 1982, no contexto da ditadura civil-militar argentina (1976 - 1983), migrou para o Brasil e radicou-se no estado de São Paulo, onde, em 1986, obteve o título de Mestre em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, tendo como orientadora a Prof.ª. Drª. Mariza Corrêa. Sua dissertação, com título “O negócio do miché: prostituição viril em São Paulo”, foi publicado depois na forma de livro. Em 1983 é publicada nos Estados Unidos uma tradução, em inglês, de seu primeiro livro, agora intitulado “Evita Lives, in My Deep Dark Pain is Love”.
Em 1985, ingressou no corpo docente, do Departamento de Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Publicou ainda inúmeros trabalhos técnicos e de esclarecimento baseados em seus estudos, como “O que é AIDS?” (1987) e “El Fantasma Del Sida” (1988). Faleceu na cidade de São Paulo, no dia 26 de novembro de 1992.
Paulo Menotti Del Picchia nasceu na capital paulista no dia 20 de março de 1892. Filho de Luiz Del Picchia e de Corina Del Corso Del Picchia. Em 1897, muda-se com a família para Itapira, SP, onde se matricula, três anos depois, no Grupo Escolar 'Dr. Júlio Mesquita'. Em 1904 inicia o curso ginasial no 'Culto à Ciência', em Campinas, SP, concluindo-o no Ginásio Diocesano 'São José', em Pouso Alegre, MG. Retorna à São Paulo, em 1909, e ingressa na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. No início de 1912, casa-se com Francisca da Cunha Rocha Sales. No ano seguinte, se forma em Direito e estreia na literatura com o livro 'Poemas do Vício e da Virtude'. Em 1914, passa a residir em Itapira, onde trabalha como advogado e dirige o jornal 'Diário de Itapira'. No ano seguinte, funda o jornal 'O Grito!' que passaria a se chamar 'Tribuna Itapirense'. Em 1917 publica os poemas 'Moisés' e 'Juca Mulato'. No ano que segue, muda-se para São Paulo, mas, ao não conseguir a vaga que lhe prometeram no 'Correio Paulistano', se transfere para Santos, onde trabalha como redator-chefe de 'A Tribuna'. Em 1919, conhece Oswald de Andrade e Mário de Andrade. No ano seguinte, retorna à capital paulista, assumindo a direção do jornal 'A Gazeta' e se torna redator do 'Correio Paulistano'. Com seu irmão José, monta a Independência Filme, empresa cinematográfica que produziu os primeiros filmes falados no Brasil e funda, com Oswald de Andrade, a revista literária 'Papel e Tinta', publica o terceiro livro de poesia, 'Máscaras', e também seu primeiro romance: 'Flama e Argila' (Na 2ª edição, mudaria o título para 'A Tragédia de Zilda', posteriormente, reeditaria o romance com o primeiro título). Em 1921, sua peça 'Suprema Conquista' é encenada no Teatro Municipal de São Paulo e publica os romances 'Laís' e 'A Suprema Façanha', além de 'O Pão de Moloch' (crônicas). Menotti foi um dos articuladores da Semana de Arte Moderna, coordenando a segunda noite do evento. Em 1924, com Cassiano Ricardo e Plínio Salgado, cria o 'Grupo Verde-amarelo', agremiação política-literária de tendência nacionalista que se opunha ao movimento Pau-brasil de Oswald de Andrade. Em 1926, é eleito deputado estadual. No ano seguinte, publica 'Poemas de Amor', 'Por amor ao Brasil' e, em parceria com Cassiano Ricardo e Plínio Salgado, 'O Curupira e o Carão'. Consegue se reeleger no cargo de deputado, em 1928. No ano seguinte, é eleito para a Academia Paulista de Letras e publica, no 'Correio Paulistano', o 'Manifesto do Verde-Amarelismo', com Plínio Salgado e Cassiano Ricardo. Em 1930, perde seu mandato de deputado e, em 1932, é secretário do governador Pedro de Toledo e participa da revolução Constitucionalista. Nesse mesmo ano, convidado por Assis Chateaubriand, trabalha nos jornais 'Diário de São Paulo' e 'Diário da Noite', além de dirigir a revista 'A Cigarra' e publicar as revistas 'São Paulo' e 'Nossa Revista'. No ano seguinte, é preso com Chateaubriand pela polícia política de Getúlio Vargas. Em 1937, funda, com Cassiano Ricardo e Cândido Mota Filho, o movimento Bandeira e dirige, ao lado deles, o jornal 'Anhanguera', órgão do movimento. No ano que segue, publica 'Kummunká' e, em 1940, 'Salomé', romance com o qual receberia, dois anos depois, o Grande Prêmio da Academia Brasileira de Letras (ABL), onde, pouco tempo depois (1943), tomaria posse. Em 1950, ingressa no Partido Trabalhista Brasileiro e é eleito deputado federal por São Paulo. Na eleição seguinte, quatro anos depois, é reeleito. Sua peça 'A Fronteira' é encenada no Rio de Janeiro por Eva Todor e sua companhia em 1955. Nos próximos três anos, a Livraria Martins Fontes publica as suas 'Obras Completas'. Em 1958, torna-se Primeiro Suplente de Deputado Federal e, dois anos depois, assumiria o cargo. na eleição seguinte, em 1962, concorreria às eleições, mas não se reelegeu, encerrando sua carreira política. Recebe homenagens no Rio e em São Paulo, em 1959, pela comemoração de seu jubileu literário e publica 'Sob o Signo de Polimnia'. Em 1967, morre sua esposa e, no ano seguinte, casa-se com Antonieta Rudge Miller, com quem viverá até a morte dela em 1974. Ainda em 1968, publica 'O Deus sem rosto' e é eleito 'Intelectual do Ano' (Prêmio Juca Pato). Publica, entre 1970 e 1972, a primeira e segunda etapa de 'A Longa Viagem' (memórias). Lança 'Entardecer, antologia de prosa e verso', em 1978. Quatro anos mais tarde, é eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros, o quarto e último deste título que pertenceu antes a Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Olegário Mariano e, em 1984, recebe o Prêmio Moinho Santista, na categoria Poesia. Em 1987, é inaugurada em Itapira, SP, a Casa de Menotti Del Picchia. No ano seguinte, Picchia falece em São Paulo, no dia 23 de agosto.
Hilda Hilst nasce em 21 de Abril de 1930 em Jaú, interior de São Paulo. Filha do fazendeiro, ensaísta e poeta Apolônio de Almeida Prado Hilst e de Bedecilda Vaz Cardoso. O casal não chega a se matrimoniar e, em 1932, Bedecilda separa-se de Apolônio, mudando-se para Santos, litoral paulista, com Hilda e Ruy Vaz Cardoso, filho de um relacionamento anterior. Cerca de três anos depois, Apolônio é diagnosticado esquizofrênico paranoico. Daí em diante passará por inúmeras internações e tratamentos até o final de sua vida, que se dará em 24 de setembro de 1966. Após esse diagnóstico e devido aos longos períodos de tratamentos, Hilda se encontrará com o pai raríssimas vezes. Com sete anos ela é matriculada como aluna interna no colégio Santa Marcelina, na cidade de São Paulo. Em 1945 inicia o curso clássico no colégio do Instituto Presbiteriano Mackenzie, concluído em 1948, quando se matricula no curso de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo. Ali conhece a escritora Lygia Fagundes Telles, amiga e companheira para o resto de sua vida. Forma-se em 1952, mas exercerá a profissão apenas por apenas alguns meses entre 1953 e 1954. Durante o período de bacharelado lançou suas primeiras obras poéticas: 'Presságio' (1950) e 'Balada de Alzira' (1951). Em 1954, depois de uma viagem à Argentina e ao Chile, muda-se para um apartamento de sua mãe em São Paulo. Nos anos cinquenta publica ainda 'Balada do Festival' (1955) e 'Roteiro do silêncio' (1959). Sua produção acelera: em 1960 lança 'Trovas de Muito Amor para um Amado Senhor', em 1961 sai 'Ode Fragmentária' e em 1962 'Sete Cantos do Poeta para o Anjo', que lhe concede o Prêmio Pen Clube de São Paulo. Por volta de 1964, Hilda retorna para o interior do Estado de São Paulo, mudando-se para a Fazenda São José, propriedade de sua mãe, a 11 quilômetros de Campinas. Em 1966 muda-se para a Casa do Sol, local que construiu nas terras da fazenda e que será sua residência até o final da vida, e se casa com o escultor Dante Casarini. Em 1967 publica sua primeira coletânea: 'Poesia 1959-1967'. Nos anos seguintes, Hilda, até então reconhecida como poeta, se dedica a dois novos gêneros: prosa de ficção e dramaturgia. Em apenas três anos compõe oito peças: 'A Possessa' (1967), 'O Rato no Muro' (1967), 'O Visitante' (1968), 'Auto da Barca de Camiri' (1968), 'O Novo Sistema' (1968), 'Aves da Noite' (1968), 'O Verdugo' (1969), vencedora do Prêmio Anchieta, e, por fim, 'A Morte do Patriarca' (1969). Em 1970 publica 'Fluxo-Floema', sua primeira obra em prosa de ficção. No dia 31 de maio do ano seguinte sua mãe falece. Em 1973 lança 'Qadós' e em 1974 retorna à poesia com 'Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão'. Não voltará a escrever dramaturgia novamente. Por sua vez, as produções de poemas e de ficção seguirão em paralelo. Em 1977 publica 'Ficções', que recebe prêmio de 'Melhor Livro do Ano' conferido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Em 1980 lança três livros: uma nova coletânea, 'Poesia 1959-1979'; um livro de poemas inéditos, 'Da Morte/Odes Mínimas'; e um de prosa de ficção, 'Tu não te Moves de Ti'. No ano seguinte recebe o prêmio da APCA pelo conjunto da obra. Nos próximos anos, nova sequência de publicações: 'A Obscena Senhora D' (1982), 'Cantares de Perda e Predileção' (1983), 'Poemas malditos, gozosos e devotos' (1984), 'Sobre a tua Grande Face' (1986) e 'Com meus Olhos de Cão' (1986). Em 1989 sai 'Amavisse'. Em 1990 são mais três livros: 'O Caderno Rosa de Lori Lamby'; 'Contos d´Escárnio/Textos Grotescos' e 'Alcoólicas'. Depois, segue nova sequência: 'Cartas de um Sedutor' (1991); 'Do Desejo' (1992); 'Bufólicas' (1992) e 'Rútilo nada' (1993). Entre 1992 e 1995, escreve crônicas semanais para o jornal 'Correio Popular', da cidade de Campinas, SP. Suas últimas obras inéditas publicadas são 'Cantares do sem nome e de partidas' (1995) e 'Estar Sendo/Ter Sido' (1997). No dia 4 de fevereiro de 2004 Hilda Hilst falece no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas. Fontes: DINIZ, Cristiano & DESTRI, Luisa. 'Cronologia'. In: PÉCORA, Alcir (org.). 'Por que ler Hilda Hilst'. SP: Globo, 2010; DUARTE, Edson Costa & FUENTES, José Luís Mora. 'Cronologia'. In: HISLT, Hilda. 'A obscena senhora D'. SP: Globo, 2002; CADERNOS de Literatura Brasileira. São Paulo: Instituto Moreira Salles, n. 8, out. 1999.
Charley Warren Frankie nasceu Karl Werner Francke em Berna, Suíça, no dia 4 de março de 1894, filho de Franz Theodor Walther Francke e Adele Mathilde [?] Binber. Mudou de nome quando desembarcou no Brasil no dia 20 de junho de 1920. Há poucas informações sobre sua vida na Europa, sabemos, através das cartas que enviou à sua filha Laís, que começou a fazer medicina, mas teve que abandonar o curso quando seu pai morreu; depois, ganhou uma bolsa de estudos do governo para estudar geologia, ciência que conseguiu o bacharelado, e que participou da Primeira Guerra Mundial. No Brasil, estabelece-se em Limeira, interior de São Paulo, trabalhando como técnico na 'Máquina São Paulo', indústria especializada em máquinas de beneficiamento de café. Casa-se com Otília Diehl em 7 de novembro de 1925. Com quem teve cinco filhos: Adelaide, Laís, Córa, George e Charley. Em 1930, logo depois do falecimento do dono da 'Máquina São Paulo', o engenheiro Trajano de Barros Camargo, Frankie pede demissão e se muda para Piracicaba, a pedido da família da esposa, passando a trabalhar como autônomo. Em 1931, seu diploma de engenheiro geólogo é reconhecido pela Escola Livre de Engenharia do Rio de Janeiro. Em 1934 conhece Monteiro Lobato e Edson de Carvalho, sócios da Companhia de Petróleo Nacional (CPN), que o convidam para trabalhar na prospecção, seguindo, assim, para Araquá, onde trabalha como técnico responsável pelas perfurações da região. Com o longo período de ausência de casa, se desentende com a família, se afastando do seu convívio por definitivo. Manteria contato apenas com sua filha Laís com quem trocou correspondência permanentemente. Entre 1934 e 1935, apontado como especialista, chega a ser procurado pela imprensa para falar sobre a geologia brasileira e as prospecções de petróleo. Em 1935 é publicada, pela Companhia Editora Nacional, a tradução que fez do livro de Essad Bey, 'A luta pelo petróleo', prefaciado por Monteiro Lobato. Entre 1935 e 1936 trabalha nas pesquisas de petróleo em Riacho Doce, Alagoas, e em Picuí, Rio Grande do Norte, como auxiliar topógrafo e geofísico, sendo o representante técnico da ELBOF - Elektrische Bodenforschung, departamento responsável pelas pesquisas sobre a geofísica brasileira da empresa alemã Piepmeyer & Co, parceira da CPN. Nesse período, publica artigos na imprensa sobre a geologia de Alagoas. Em 1937 - ao lado de Monteiro Lobato, Hilário Freire e J. W. Winter (diretor da ELBOF no Brasil) - participa da formação da AMEP, Aliança Mineração e Petróleo, que se tornaria o departamento de prospecção da CPN, e segue para o Mato Grosso para fazer pesquisas na região. Em 1940, se desloca para Aquidauana no Mato Grosso do Sul, onde passa a trabalhar, ao lado de Ubaldo Medeiros, na área de construção civil até 1943. Nesse ano se muda para Corumbá e se dedica à topografia da região e em levantamentos geológicos até 1945. Em 1948 se torna membro interino da 4ª subsede da CBDL - Comissão Brasileira Demarcadora de Limites (atual SCDL - Segunda Comissão Brasileira Demarcadora de Limites), órgão do Ministério das Relações Exteriores. Inicialmente, trabalha na área de radiotécnica, para, no ano seguinte, ser efetivado como auxiliar técnico. Nessa função, atua, principalmente, na demarcação da fronteira do Brasil com a Bolívia e com o Paraguai, chegando, entretanto, a trabalhar também na região do Acre, demarcando os limites entre o Brasil e o Peru. Em 1957 se naturaliza brasileiro, sendo efetivado no quadro oficial do Itamaraty como auxiliar de engenheiro, onde se aposentou. Falece em Corumbá no dia 2 de fevereiro de 1968.