Aloysio Biondi nasceu em 08 de julho de 1936 em Caconde, interior de São Paulo, e passou a maior parte de sua infância e adolescência em São José do Rio Pardo, outra cidade do interior do Estado, onde, aos 15 anos, ganha o 2º lugar no 'Concurso Pan-Americano', concurso de redação para estudantes, sendo seu texto publicado pela 'Folha da Noite'. Jornalista econômico, colaborou durante 44 anos com reportagens e análises para jornais e revistas. Começou na 'Folha da Manhã' (que depois se tornaria 'Folha de São Paulo') em 1956 e, em poucos meses, se tornou subchefe do Departamento de revisões. Durante o regime militar participou, com seu trabalho, ativamente da resistência. Na revista 'Direção', consolidou sua atuação como jornalista econômico e, em 1968, assume o cargo de editor de economia da revista 'Visão', onde vence um Prêmio Esso ao mostrar os impactos econômicos do desrespeito ao meio ambiente. Assume a direção da revista 'Fator' no Rio de Janeiro desde seu primeiro número, onde imprime um caráter contundente à revista, apesar dela chegar apenas até a 3ª edição, sendo extinta com a promulgação do AI -5. Em 1969 entrou para a revista 'Veja', onde desenvolveu uma cobertura pioneira do mercado de capitais. No início de 1971, mudou-se outra vez para o Rio de Janeiro, onde aceitou o desafio de produzir um caderno econômico diário no jornal 'Correio da Manhã'. Em 1972 assume a direção de redação do 'Jornal do Comércio', que sob sua direção, foi o primeiro diário a apontar a concentração de renda como um dos pilares do milagre econômico, que atingia seu auge naquele ano. Nesse mesmo período passou a escrever e editar a seção de economia do semanário alternativo de esquerda 'Opinião'. Casa-se com Ângela Leite em 1973, com quem teria três filhos entre 1976 e 1979: Pedro, Antônio e Beatriz. Entre 1974 e 1976, Biondi assumiu a chefia da sucursal do Rio de Janeiro da 'Gazeta Mercantil', se engajando num processo de remodelação e modernização do jornal até ser convidado para desenvolver seu próprio projeto de jornalismo econômico como editor chefe do 'Diário de Comércio e Indústria', onde atuou entre 1976 e 1978. A terceira passagem de Biondi pela 'Folha de São Paulo' se dá entre 1981 e 1985. Inicialmente como repórter e depois como editor de economia. Esse período foi marcado por intensos debates com economistas da Unicamp que se opunham as suas análises de que a economia dava sinais de recuperação. Durante a década de 90, foi uma das poucas vozes a se levantar contra a abertura econômica sem freios e a condução das privatizações. Colaborou, nessa época, com uma série de veículos: 'Folha de São Paulo', 'Diário Popular', 'Caros Amigos', 'Revista dos Bancários' e 'Revista Bundas', entre outros. Período que também escreveu o livro 'O 'Brasil Privatizado' - Um Balanço do Desmonte do Estado', em que calculou quanto o governo gastou e quanto obteve com a venda das estatais. Foi professor do curso de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, onde, pelo trabalho de editor do jornal da faculdade, o 'Esquinas', recebeu o Prêmio Líbero Badaró 2000, da 'Revista Imprensa', na categoria Jornalismo Universitário. No mesmo ano, a faculdade lhe outorgou o título de professor Honoris Causa, reconhecendo que a ausência de curso superior não o desautorizava a ensinar em uma universidade. Faleceu em 21 de julho de 2001.
Haquira Osakabe nasce em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, no dia 1 de julho de 1939. Filho dos imigrantes japoneses, que chegaram ao Brasil em 1934, Takeshi Osakabe e Eiko Osakabe, nascida Eiko Yoshida. Apesar dos pais terem estudados no Japão - o pai era farmacêutico e a mãe era professora primária -, o destino inicial para o casal foi uma fazenda de café no município de Guararapes, SP. Por volta de 1936, antes de terminar o período de contrato de trabalho, a família se muda para Ribeirão Preto, onde abre uma escola de japonês para atender os filhos da colônia na região, transformada posteriormente em pensionato. É na cidade natal que Haquira estuda no Mosteiro dos Beneditinos (internato), cursa o Ginasial no Colégio Moura Lacerda e o Normal no Instituto de Educação Otoniel Mota. Em 1969, se forma no curso de Letras Vernáculas na Universidade de São Paulo. No ano seguinte, aceita uma bolsa, ao lado de Carlos Franchi, Rodolfo Ilari e Carlos Vogt, grupo formado para estudar na França, seguindo um projeto idealizado pelo filósofo Fausto Castilho que visava organizar a área de ciências humanas na Unicamp e que englobava um projeto de formar um Departamento de Linguística. Haquira licenciou-se em linguística em 1970 pela Université de Franche Comté, em Besançon, onde, no ano seguinte, faz o mestrado sob a orientação de Jean Peytard, com o título 'Recherches sur l´Analyse du Discours'. De volta ao país, assume o cargo de Professor Assistente na Unicamp, onde, na verdade, já era contratado desde 1969 (foi Auxiliar de Ensino e Instrutor durante o período que estudou em Beçanson). Em 1972, publica a tradução, que fez em conjunto com Isidoro Blinkstein, de 'Semântica estrutural' de A. J. Greimas. Em 1976, obtém o doutorado em linguística na Unicamp com a tese 'O componente subjetivo no discurso político', publicada dois anos depois sob o título 'Argumentação e Discurso Político'. Entre 1977 e 1978, publica, em conjunto com Marisa Lajolo e Francisco Platão Savioli, os três volumes de 'Caminhos da Linguagem', livro didático voltado para o ensino de língua portuguesa no segundo grau (ensino médio). Em 1979, publica a tradução e adaptação do livro 'Usos da linguagem' de Francis Vanoye, realizada em conjunto com outros pesquisadores, mas sob sua coordenação. Em 1982, volta à Université de Franche Comté, em Besançon, para fazer um pós-doutorado em Análise do Discurso. É o ano que passa a fazer parte do Departamento de Teoria Literária, onde participa da fundação do Núcleo de Estudos de Culturas de Expressão Portuguesa e da criação da revista 'Estudos Portugueses e Africanos', tendo participado do conselho editorial desde o primeiro número, em 1983, e a coordenado, ao lado de Adma Muhana, de 1996 até o seu encerramento em 2004. Em 1985, faz pós-doutorado em Literatura Portuguesa na Universidade de Lisboa. Em 1990 é publicado o livro 'Relato autobiográfico' de Akira Kurosawa com prefácio de Haquira. Entre 1991 e 1992, foi professor visitante do Departamento de Português na Georgetown University. Em 1993 é publicado o 'Livro do Desassossego' de Fernando Pessoa, com um prefácio de Haquira. Em 1995 é publicado 'Contos' de Oe Kenzaburo, com uma apresentação sua (também cuidou da revisão literária dessa obra), e, no ano seguinte, é publicado o livro 'Contos da Chuva e da Lua' de Ueda Akinari, cuja revisão literária também foi realizada por ele; estes dois últimos livros foram editados pelo Centro de Estudos Japoneses da Universidade de São Paulo. Aposenta-se em 1997, no entanto, manteve - até sua morte - diversas atividades de orientação e de pesquisa em sua área de atuação. Em 1999, Haquira faz pós-doutorado sobre Fernando Pessoa na Universidade Nova de Lisboa. No primeiro semestre de 2001, ministra disciplina sobre modernismo brasileiro e português na pós-graduação da University of California, em Los Angeles. Em 2002, lança 'Fernando Pessoa: Resposta à decadência'. No primeiro semestre de 2005, ministra um curso sobre Fernando Pessoa e sua geração na pós-graduação da University of California, em Berkeley. Haquira participou do conselho editorial da coleção 'Ensaios' da Editora Ática e da coleção 'Ciência da Abelha' da Max Limonad e coordenou, desde sua criação na década de 1980, as coleções 'Poetas do Brasil' e 'Texto e Linguagem' da Martins Fontes. Os trabalhos mencionados não esgotam a produção do Professor Haquira Osakabe, que deixou inúmeros artigos em jornais brasileiros e em revistas acadêmicas, englobando diversas áreas: análise do discurso, linguística, ensino de literatura, ensino e leitura no Brasil, cinema, política, literatura portuguesa, brasileira e cultura japonesa. Faleceu no dia 13 de maio de 2008.
Ronald de Carvalho nasce no Rio de Janeiro em 16 de maio de 1893, filho de Artur Augusto de Carvalho e de Alice de Paula e Silva Figueiredo de Carvalho. Seu pai, capitão-tenente e engenheiro naval, e seu tio, Álvaro Trajano de Carvalho, ocuparam parte destacada na Revolta da Armada, levante de oposição ao presidente Floriano Peixoto que se estendeu de setembro de 1893 a março de 1894. Presos em Santa Catarina, foram fuzilados em 1894. Ronald é abrigado na casa do avô materno, João Francisco de Paula e Silva, então inspetor da Alfândega do Rio de Janeiro. Sua mãe casa-se em segundas núpcias com o almirante Raul Travassos. Ronald realiza os estudos secundários no Colégio Abílio, ingressando em seguida na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, onde se forma em 1912. Dois anos antes, iniciou suas atividades jornalísticas no 'Diário de Notícias', dirigido na época por Rui Barbosa. Viaja em 1913 para a França, onde cursa filosofia e sociologia no Colégio de França da Sorbonne, onde foi aluno do filósofo Émile Boutroux. Nesse mesmo ano, edita seu primeiro livro de poemas, 'Luz gloriosa'. Retornando ao Brasil em 1914, ingressa em julho na carreira diplomática, sendo nomeado praticante da Secretaria de Estado das Relações Exteriores, e em outubro se casa com Leilah Accioly. No ano seguinte, foi um dos fundadores e dirige ao lado de Luís de Montalvor a revista portuguesa 'Orfeu', onde publica - no primeiro número - poemas de sua autoria, ao lado de trabalhos de Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, José de Almada-Negreiros. Em fevereiro de 1916 é promovido a terceiro-oficial e em abril de 1918 a segundo-oficial. Em 1919, publica 'Poemas e sonetos'e 'Pequena história da literatura brasileira'. Assume, em 1920, as funções de auxiliar-de-gabinete do então subsecretário das Relações Exteriores, Rodrigo Otávio Landgaard Meneses. Em 1922, participa em São Paulo da Semana de Arte Moderna e lança dois livros: 'Epigramas irônicos e sentimentais'e 'Espelho de Ariel'. Em 1924, dirige no Itamarati a Seção de Negócios Políticos e Diplomáticos da Europa e, em seguida, é nomeado primeiro-secretário da embaixada especial enviada ao Peru. Publica 'Estudos brasileiros - 1ª série' e, em novembro desse ano, é promovido a primeiro-oficial. Viaja ao México em 1925 a convite do governo daquele país, proferindo na ocasião algumas conferências sobre o Brasil nas universidades mexicanas. Em 1926 lança outros dois livros: 'Toda a América'e 'Jogos pueris'. Em 1928, no Rio de Janeiro, desempenha as funções de assessor técnico e de encarregado de serviços da delegação brasileira à Conferência Pan-Americana de Havana e se torna auxiliar-de-gabinete do ministro das Relações Exteriores Otávio Mangabeira (1926-1930), deposto juntamente com Washington Luís pela Revolução de 1930. Em 1931, publica 'Estudos brasileiros - 2ª série'; 'Estudos brasileiros - 3ª série' e 'Rabelais e o riso do Renascimento', esse último, ele mesmo traduz para o francês e o publica neste idioma no ano seguinte. Logo após a instauração do governo provisório de Getúlio Vargas, passa a responder interinamente pelo expediente do Ministério das Relações Exteriores. Em seguida, é enviado a Paris, onde servirá como primeiro-secretário até 1933, momento em que é designado encarregado de negócios em Haia. Ainda em 1933, retorna ao Brasil e publica 'Imagens do Brasil e do pampa'e 'Le Brésil et le génie français'. Em 1934, é promovido a ministro plenipotenciário de segunda classe. Ainda em 34, articulou sem êxito, juntamente com Juarez Távora e Mário Câmara, a criação de um partido político nacional, e no mês de abril substitui Gregório da Fonseca no cargo de secretário da Presidência da República, equivalente ao atual Chefe do Gabinete Civil. Permanece no exercício de suas funções após a eleição presidencial de julho de 1934, que manteve Vargas no poder, tornando-se o redator dos discursos presidenciais. Poeta, historiador, tradutor, crítico e ensaísta, Ronald escreveu durante muitos anos uma coluna diária no 'Jornal do Brasil' sobre política internacional, assinando como 'Um observador diplomático'. Colaborou também em diversos jornais da Argentina, México, Peru, Estados Unidos, França e Suíça. Foi membro do Poets Guild of América, em Washington; do Instituto de Coimbra, em Portugal, e da Academia Carioca de Letras; foi sócio correspondente da Real Academia Hispano-Americana e sócio efetivo da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. Participou também da Junta de História Nacional do Uruguai, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Latina de Paris. Faleceu no Rio de Janeiro em 15 de fevereiro de 1935, vítima de acidente automobilístico. Logo após sua morte foram publicados 'Cadernos de imagens' e 'Itinerário - Antilhas. Estados Unidos. México'.
Cyro de Mello Pimentel nasce em São Paulo no dia 22 de outubro de 1926. Filho de Diógenes de Mello Pimentel e de Maria Aparecida Barros Pimentel. Faz os estudos primários no Grupo Escolar São Paulo e os secundários no Ginásio Anchieta, ambos na cidade natal. Em 1943, matricula-se na Escola Técnica de Comércio 'Carlos de Carvalho', diplomando-se contador. Inicia sua carreia profissional trabalhando no comércio. Torna-se funcionário do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo, chegando ao cargo de Diretor da Divisão de Finanças, onde permanece até sua aposentaria em 1985. Em 1948, estreia na literatura com o livro 'Poemas', lançado pelo Clube de Poesia de São Paulo. No ano seguinte, participa da Primeira Semana dos 'Novíssimos', no Clube dos Artistas de São Paulo, ao lado de Hilda Hilst, Radha Abramo, Décio Pignatari, Paulo Vanzollini, Reynaldo Bairão, entre outros. Em 1976, em conjunto com Domingos Carvalho da Silva e Afrânio Zuccolotto, funda a 'Revista de Poesia e Crítica'. Publica apenas mais quatro títulos de poesia, todos pelo Clube de Poesia de São Paulo: 'Espelho de cinzas' (1952), 'Signo terrestre' (1956), 'Árvore nupcial' (1966) e 'Poemas atonais' (1979), com este último, recebeu o Prêmio Pen Clube de São Paulo. Em 1985, lança uma antologia com seus cinco livros: 'Paisagem Céltica', editado por Roswitha Kempf Editores. No ano seguinte, é eleito para a Academia Paulista de Letras. Colaborou com vários periódicos, entre eles, 'Letras e Artes' e 'Revista da Semana', ambos do Rio de Janeiro; o 'Caiçara', de Marília, interior de São Paulo; 'O Estado de São Paulo' e 'Revista Branca', de São Paulo. Falece no dia 7 de fevereiro de 2008.
Ada Natal Rodrigues nasce em Sacramento, Minas Gerais, no dia 19 de fevereiro de 1930. Filha de Eulógio Natal e Guiomar Natal. Faz o curso primário na Escola Normal Municipal de Sacramento entre 1937 e 1941. Logo em seguida se transfere para o Colégio Estadual e Escola Normal de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, onde termina o clássico em 1948. Mesmo ano em que conclui o Curso de Formação de Professor Primário no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, na mesma cidade. Durante esse período Participa do grêmio estudantil. Entre 1949 e 1952 cursa Licenciatura em Línguas Neolatinas na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da Universidade de São Paulo (USP). No ano em que se forma, faz três especializações na mesma faculdade: 'Filosofia Românica', 'Língua e Literatura' e 'Literatura Brasileira', e começa a dar aula de português em escolas estaduais. Após concluir sua formação, Ada foi convidada para trabalhar como instrutora voluntária na USP. Devido a necessidade de um trabalho remunerado, recusou o convite e iniciou o trabalho como professora numa escola de primeiro e segundo graus. Neste último nível atuando também em cursos de formação para professores de primeiro grau. Em 1962, afasta-se do cargo e inicia um trabalho na Universidade de Brasília, tornando-se a responsável por planejar a instalação do Ensino de Nível Médio nessa universidade. Em 1963, recebe o certificado de Pós-graduação em Linguística e, no ano seguinte, o de Pós-graduação em Teoria Literária, ambos pela Universidade de Brasília (UnB). Entre 1963 e 1965, torna-se auxiliar do Prof. Nelson Rossi no Curso de Língua Portuguesa na UnB, lecionando em uma série de cursos. Após o golpe de 1964, e à invasão do campus pelo Exército em 9 de abril de 1964, a liberdade de ação dos professores foi bastante cerceada, com vários professores sendo presos e departamentos sendo desmantelados. Em 1965 seu afastamento no cargo como professora estadual não foi renovado e ela precisa se afastar da UNB, regressando a São Paulo. Em 1966, não suportando as pressões policiais feitas contra sua família, muda-se para Lisboa onde consegue um financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian, com um plano de estudos para realizar, na Universidade de Lisboa, uma edição crítica da obra 'História da Língua Portuguesa' de Serafim da Silva Neto, sob orientação dos professores Nelson Rossi e L. F. Lindley Cintra. No ano seguinte, ganha uma bolsa de 'Cooperation Technique' da Association pour l´Organisation des Stages Techniques en France (Governo Francês) para fazer, por dois anos, estudos de especialização em linguística geral na Universidade de Paris, sob orientação dos professores B. Pottier e I. S. Révah. Nesse período, faz o curso 'Problème de Linguistique Générale' com Émile Benveniste no Collège de France. Além de participar, em outras instituições, de cursos com os professores André Martinet, J. Dubois, A. Greimas, O. Ducrot, A. Gross e Salkoff. De retorno ao Brasil, trabalha como auxiliar de ensino no Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP entre 1969 e 1971. Em 1971 é aposentada por motivos políticos em seu cargo no ensino médio e, em complemento, em qualquer cargo público que estivesse ocupando. Entre 1970 e 1973, é técnica de pesquisa junto ao 'Projeto de Estudo da Norma Linguística Culta', patrocinado pelo Programa Interamericano de Linguística e Ensino de Idiomas (PILEI). Em 1973, doutora-se em Linguística pela USP com a tese 'O dialeto caipira na região de Piracicaba'. Publica-a no ano seguinte e conquista o Prêmio 'Francisco Alves' da Academia Brasileira de Letras como melhor monografia sobre língua portuguesa. Ministrou cursos, conferências e seminários em várias instituições do país. Trabalhou como assessora e consultora para a Fundação para o Livro do Cego do Brasil, a Fundação Maranhense de Televisão Educativa, a Secretaria da Educação da Bahia, a Fundação Roberto Marinho e Fundação Padre Anchieta (Telecurso 2º Grau) e para a Fundação Carlos Chagas. Era professora da Universidade Federal de São Carlos, quando faleceu com seu marido, num acidente automobilístico em São Carlos, interior de São Paulo, no dia 10 de outubro de 1991.
Armando Campos Pereira era natural de Salvador e foi médico legista, jornalista, perito em medicina legal e bibliotecário. Em 1911 exerceu a função de auxiliar acadêmico do Instituto Nina Rodrigues ligado à Faculdade de Medicina da Bahia, auxiliando o Dr. Oscar Freire de Carvalho na instalação do Serviço Médico Legal da Bahia. Em 1915 passa de auxiliar médico da seção de Estatística Demografo-Sanitária, ao cargo de médico verificador de óbitos e logo depois passa para o cargo de médico legista. Até 1918 exerceu a função de preparador extraordinário da Faculdade de Medicina da Bahia. Em 1920 é exonerado do cargo. Foi jornalista do jornal 'A Tarde', exercendo essa atividade em 1925. Foi diretor interino do Instituto Nina Rodrigues em 1925. Em 1934 é nomeado chefe da Divisão de Biblioteca e Cinema Escolares do Departamento de Educação do Distrito Federal. Em 1950 ocupava cargo de médico legista no Departamento Federal de Segurança Pública.
Benjamin Péret nasce no dia 4 de julho de 1899 em Rezé, França. Dois anos depois, seus pais se separam e ele passa a viver com sua mãe. Sua trajetória nos estudos foi marcada, inicialmente, por evasão escolar e, mais tarde, apenas por uma rápida passagem no curso de Préparation aux Arts et Métiers (École Livet) entre 1912 e 1913. Um pouco antes de eclodir a I Guerra Mundial, sua mãe o obriga a se alistar no exército francês. É enviado para Lorraine, onde, após ficar doente, permanece até o final da guerra. Antes do final da mesma, publica seu primeiro poema, 'Crépuscule', na revista 'La Tramontane'. Em 1920, reúne-se com os surrealistas André Breton, Louis Aragon, Paul Eluard e Philippe Soupault. No ano seguinte, participa de eventos do dadaísmo e lança seu primeiro livro 'Le passager du transatlantique', ilustrado por Arp e elogiado por Soupault. Em 1922, os surrealistas rompem com Dada e Péret publica 'A travers mes yeux' na revista 'Littérature'. Em 1924 sai o primeiro número da revista 'La Révolution surréaliste', dirigida por Péret e Pierre Naville, e Péret lança 'Immortelle maladie'. Em 1925, em colaboração com Paul Eluard, lança '152 Proverbes mis au goût du jour' e passa a colaborar com a revista 'L´Humanité', escrevendo crítica de cinema e artigos anti-militarista e anti-clericais. Em 1927, publica pela Éditions Surréalistes 'Dormir, dormir dans les pierres', com desenhos de Yves Tanguy. No ano seguinte, vem a lume 'Le Grand Jeu' pela Gallimard e Péret se casa com a cantora lírica brasileira Elsie Houston, cunhada de Mário Pedrosa, advogado, jornalista e membro do Partido Comunista Brasileiro, que Péret conhecera pouco antes do casamento. Em fevereiro de 1929 desembarca no Brasil com a esposa. Ano em que publica 'Et les seins mouraient...', com um frontispício de Joan Miró, e '1929', em parceria com Louis Aragon e fotografias de Man Ray. No Brasil, conhece Oswald de Andrade e outros artistas e escritores vinculados ao modernismo brasileiro. Em agosto, nasce seu filho, Geyser. Em dezembro é expulso do Brasil por ser um 'agitador comunista'. De volta à França, trabalha como revisor na impressão de jornais. Em outubro de 1933, separa-se de Elsie Houston, que volta ao Brasil com o filho. No ano seguinte publica 'Mort aux vaches et au champ d'honneur' e 'De derrière les fagots', edição de luxo com um trabalho de Max Ernst. Em 1936 sai 'Je ne mange pas de ce pain-là' e 'Je sublime'. Junta-se ao POI, Parti Ouvrier Internationaliste (trotskista), e segue para Espanha onde participa da Guerra Civil: luta nas fileiras do Parti Ouvrier d'Unification Marxiste (POUM) e, após a exclusão trotskista do mesmo, na coluna do anarquista Durruti. Em Barcelona conhece a pintora Remedios Varo. Retorna à Paris em 1937. Em fevereiro de 1940, é preso por atividades políticas em Rennes. Com a chegada das tropas alemãs na região, é libertado. Em meados de dezembro de 1941, desembarca no México com Remedios Varo. Ali, em colaboração com Nathalie Trotsky e Grandizio Munis, escreve vários artigos no 'Contra la Corriente', boletim mimeografado do grupo trotskista espanhol refugiado no México. Em 1945, publica, em Paris, 'Le déshonneur des poètes' e 'Dernier, malheur, dernière chance'. No seguinte, lança 'Main forte', com ilustrações de Victor Brauner, e 'Manifeste des exégètes', sob o pseudônimo de Peralta. Ainda em 1946, se casa com Remedios. Em 1947, sai em Paris 'Feu central', com ilustrações de Yves Tanguy. Em 1948, retorna para Paris, separado de Varo. Nesse período, colabora em dois curtas metragens experimentais de Heisler e no 'L´Invention du monde' de Jean-Louis Bédouin e Michel Zimbacca. Em 1949, lança 'La Brebis Galante', com ilustrações de Max Ernest. Em 1952, publica 'Air Mexicain' com ilustrações de Rufino Tamayo. Começa a ficar com a saúde fragilizada. Em meados de 1955 volta para o Brasil, onde permanecerá até abril de 1956. Em 1959 seu est ado de saúde é preocupante. Passa por uma cirurgia e, em seguida, fica na casa de amigos em Morteau e depois em Oléron. Logo após seu retorno à Paris, falece no dia 18 de setembro de 1959. Um ano depois de sua morte, aparece 'Anthologie des mythes, légendes et contes populaires d´Amérique', fruto de mais de 17 anos de pesquisa, inclusive as que realizou no Brasil nas duas oportunidades que esteve no país. Colaborou com vários periódicos, entre eles, 'Littérature', 'La Révolution surréaliste', 'Néon', 'Almanach surréaliste du demi-siècle', 'Medium', 'Combat et Arts', 'L´Age du cinema', 'Le 14 Juillet' e 'Bief'.