José Benedito Correia Leite nasceu no dia 23 de agosto de 1900, em São Paulo. Teve origem pobre, trabalhando desde muito jovem como entregador de marmitas, lenheiro e cocheiro. Autodidata, teve incentivo de uma antiga patroa, professora, para que estudasse. Um dos mais importantes ativistas da imprensa negra do Brasil, aos 24 anos tornou-se um ativista, sendo co-fundador, com Jayme de Aguiar, do jornal “O Clarim”, que recebeu mais tarde o nome de “O Clarim d’Alvorada”, publicado de 1924 a 1932. Como idealizador do projeto, foi o diretor responsável, redator, repórter e gráfico do periódico que na época ficou conhecido como um jornal feito por negros para a comunidade negra. Correia Leite simpatizava com o ideal de um socialismo democrático e em seus artigos articulava história e política, relacionando a exclusão social experimentada pelos negros com o processo de implantação do trabalho assalariado e a aceleração do capitalismo e da industrialização no país. Participou das atividades do Centro Cívico Palmares, integrou o Conselho da fundação da Frente Negra Brasileira (FNB) em 1931, entidade com a qual rompeu mais tarde por divergências ideológicas, e em 1932 participou da idealização e fundação do Clube Negro de Cultura Social, tornando-se um dos secretários e orientadores. Em 1945, colaborou na fundação da Associação dos Negros Brasileiros (ANB) e foi editor do “Alvorada”, jornal da entidade. A ANB encerraria suas atividades em 1948. Em 1956, fundada a Associação Cultural do Negro (ACN), Correia Leite assume a função de presidente do Conselho Deliberativo por quase 10 anos. Em 1960 participou, ainda, da elaboração da revista “Niger”. Além de atuar nos jornais e associações citadas, José Correia Leite escreveu também para outros órgãos da Imprensa Negra. Além da militância, na qual foi uma referência, José Correia Leite tinha a preocupação de construir um diálogo com os pesquisadores que se debruçavam sobre a questão racial. Assim, ele colaborou com depoimentos e material bibliográfico para diversos trabalhos sociológicos. Foi entrevistado para a realização de documentários cinematográficos como “O Negro da Senzala ao Soul”, da RTC, “A Escravidão”, de Zózimo Bulbul, e outros. Depois de se aposentar, dedicou-se à pintura, fazendo uma exposição em 1978 e outra em agosto de 1983, na Galeria da Secretaria de Estado de Cultura de São Paulo. A biografia de José Correia Leite foi escrita por iniciativa do intelectual Luiz Silva Cuti, intitulada “E disse o velho militante José Correia Leite”. Correia Leite faleceu em 27 de fevereiro de 1989, em São Paulo, aos 88 anos de idade.
Nascida na cidade de Americana, São Paulo, em 1950, e graduada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) em 1971, Regina Müller é mestra em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), doutora em Ciências Humanas (Antropologia) pela Universidade de São Paulo (USP), pós-doutoramento no departamento de Performance Studies pela New York University (NYU) e livre-docente em Antropologia da Dança pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sua carreira acadêmica foi desenvolvida na área de Antropologia, com ênfase em Teoria Antropológica, Antropologia da Performance e Etnologia Indígena, atuando principalmente nos temas: artes indígenas, Asurini do Xingu, ritual, performance e dança. Foi Mestre Antropóloga da Funai de 1978 a 1982. Hoje, Regina Müller é docente aposentada do Departamento de Artes Corporais do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Maria Isabel Baltar da Rocha Rodrigues nasceu em Pernambuco em 1947. Graduou-se em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1969. No ano seguinte, especializou-se em Dinâmica Populacional pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Concluiu o mestrado em Ciência Política também pela USP em 1980 e o doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas em 1992, com a tese “Política Demográfica e Parlamento: debate e decisões sobre o controle da natalidade”. Posteriormente, realizou o pós-doutorado pelo Centro de Estudos Demográficos da Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha, em 2000. Entre os anos de 1976 e 1995, atuou na Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo em diversas atividades direcionadas à política populacional, saúde pública e, principalmente, saúde da mulher. A partir de 1981, atuou como colaboradora da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP), tendo sido membro de seu Conselho Consultivo a partir de 2007. Em 1982, integrou o quadro funcional da Unicamp como pesquisadora do recém criado Núcleo de Estudos de População (NEPO), passando a fazer parte de seu Conselho Superior em 2002. Pela mesma universidade, participou do Comitê de Redação da revista "MultiCiência", publicação dos Centros e Núcleos Interdisciplinares da Unicamp, além de ter sido professora colaboradora e membro do Conselho do Programa de Pós-graduação em Demografia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Foi consultora de diversos periódicos científicos e integrante do Grupo de Pesquisa em População e Saúde do CNPq. Entre 2001 e 2002, foi secretária-executiva da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. Participou do Conselho Diretor (2001-2002) e do Conselho Consultivo (a partir de 2003) da Red de Salud de las Mujeres Latinoamericanas y del Caribe (RSMLAC). Entre os anos de 2004 e 2006, integrou o Comitê Assessor Nacional da Comissão Intergovernamental de Saúde Sexual e Reprodutiva do Mercosul, ligado ao Ministério da Saúde. Atuou também como membro-associado da organização Católicas pelo Direito de Decidir. Em sua focada atuação profissional e acadêmica, Bel Baltar, como era carinhosamente conhecida, procurou centrar-se na análise do processo político de discussão e decisão no Congresso Nacional sobre questões relativas à saúde reprodutiva e sexual da mulher – com ênfase no aborto – e regulamentação do trabalho, avaliando o contexto da participação de atores políticos e sociais. Destacou-se como militante do movimento feminista nacional nas lutas em defesa dos direitos humanos, dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e, mais especificamente, pela descriminalização do aborto. Morreu em 14 de outubro de 2008 em decorrência de um acidente automotivo.
Mariza Corrêa nasceu na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 1 de dezembro de 1945 e formou-se em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ingressou no mestrado em Ciências Sociais na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde defendeu sua dissertação “Os Atos e os Autos: Representações Jurídicas de Papéis Sexuais” em 1975, sob orientação de Verena Stolcke. Em 1982, defendeu sua tese de doutoramento em Ciência Política, “As Ilusões da Liberdade - a Escola Nina Rodrigues e a Antropologia no Brasil”, na Universidade de São Paulo (USP), sob orientação de Ruth Cardoso, na qual abordou a trajetória do médico legista, antropólogo e professor Raimundo Nina Rodrigues e de seus discípulos; refletindo sobre a formação do campo das ciências sociais e da elite intelectual brasileira. Professora e pesquisadora do Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCH) da Unicamp durante 30 anos, formou mais de 50 pesquisadores em mestrado e doutorado, dentre eles, Néstor Perlongher, Heloisa André Pontes e Adriana Piscitelli. Ainda na Unicamp, coordenou o “Projeto História da Antropologia no Brasil” (PHAB) e um Projeto Temático da FAPESP sobre gênero e corporalidade. Entre 1994 e 1996, foi diretora e, entre 1996 e 1998, presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Foi casada com Plínio Dentzien, com quem teve um filho. Mariza Corrêa faleceu em 27 de dezembro de 2016, aos 71 anos, em Campinas, São Paulo.
A Organização Revolucionária Marxista – Política Operária foi fundada em 1961, em Jundiaí, São Paulo. No fim de 1967 e início de 1968 o que havia restado da POLOP se fundiu com a dissidência leninista do PCB no Rio Grande do Sul e fundou-se o Partido Operário Comunista (POC). Em abril de 1970, um grupo de militantes se desligou do partido e voltou a constituir a POLOP, rebatizada como Organização de Combate Marxista-Leninista Política Operária (OCML-PO). Em 1976 surge o Movimento pela Emancipação do Proletariado (MEP); sendo, ambos, POC e MEP dissidentes da POLOP.
Filho de José Carlos Lafetá e Maria da Conceição Machado Lafetá, João Luiz Machado Lafetá nasce em doze de março de 1946, em Montes Claros, norte de Minas Gerais.
João Luiz Lafetá conclui os estudos primário e secundário em Montes Claros e Belo Horizonte, cidade para a qual muda-se em 1962. Em 1965, muda-se para Brasília e inicia a graduação em Letras Brasileiras pela Universidade de Brasília (UnB), formando-se em 1968.
Inicia sua carreira profissional na área do jornalismo. Tendo atuado entre 1963 e 1964 na redação do "Jornal de Montes Claros", nas áreas do noticiário policial e de notícias locais, em 1966 é contratado pela sucursal de Brasília do "Diário de São Paulo", escrevendo na área dos comunicados de imprensa. Ao término desse período, torna-se monitor do curso "Oficina Literária", ministrado pelo escritor Cyro dos Anjos, na UnB, entre 1967 e 1968. A Oficina consistia em um ateliê de escrita criativa, realizada em forma de seminários sobre estilística e técnica literária.
Ao término de sua graduação na UnB, Lafetá muda-se para São Paulo, ingressando na pós-graduação em Teoria Literária e Literatura Comparada, na Universidade de São Paulo (USP), em 1969. Sob a orientação de Antonio Candido, tem como professores Paulo Emílio Salles Gomes, Ruy Coelho e Gilda de Mello e Souza, entre outros. Em 1973, conclui o mestrado sobre os aspectos da crítica literária no decênio de 1930. No ano seguinte à defesa da Dissertação, o trabalho é publicado pela editora Duas Cidades, com o título "1930: A Crítica e o Modernismo". Ainda durante o mestrado, entre 1971 e 1973, atua como instrutor voluntário junto à disciplina "Introdução aos Estudos Literários", na USP (no início em parceria com Davi Arrigucci Júnior, e, a partir de 1972, assumindo as aulas expositivas e a orientação das turmas).
Em 1973, obtém uma bolsa de doutoramento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), com projeto intitulado "A Poesia de Mário de Andrade: estudo de algumas tendências estéticas e ideológicas". Entre 1974 e 1977, escreve diversos artigos para periódicos científicos, notadamente na área de crítica literária e literatura brasileira, e também para o jornal "Movimento", um dos órgãos alternativos de resistência à ditadura militar.
Em 1975, João Luiz Lafetá é convidado por Antonio Candido para integrar a equipe inicial da área de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem, da Universidade Estadual de Campinas (IEL - UNICAMP). Com o auxílio técnico de Haquira Osakabe e ao lado de Adélia Bezerra de Meneses Bolle e José Miguel Wisnik, Lafetá é um dos responsáveis pela concepção do futuro currículo do curso de Letras deste Instituto. Ao longo desse período, também é professor de Teoria Literária no IEL - UNICAMP, entre 1975 e 1979.
Em 1978, é finalmente admitido como professor de Teoria Literária e Literatura Comparada na USP, após ter seu processo de contratação arquivado por motivos políticos, em decorrência da acusação de participação no movimento estudantil, em 1968. Tendo interrompido o curso de Doutorado em 1975, retoma-o em 1976. Em 1980, defende a tese, intitulada "Figuração da intimidade (contribuição ao estudo das imagens na poesia de Mário de Andrade)", perante uma banca composta pelos professores Drs. Antonio Candido (seu orientador), Marlyse Meyer, Iumna Maria Simon, Modesto Carone e Davi Arrigucci Jr. Já em 1986, essa tese é publicada pela Martins Fontes, com o título "Figuração da intimidade: imagens da poesia de Mário de Andrade". No ano de 1981, é bolsista da FAPESP para a realização de estudos de Pós-Doutorado na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Groupe de Sociologia de la Littérature, em Paris. No início da década de 1990, coordena, na USP, a área de pesquisa em "Literatura, Psicanálise e Sociedade", que tinha a Psicanálise como instrumento adicional para a interpretação literária.
Publica também a obra "Mário de Andrade: seleção de textos, estudos biográfico, histórico e crítico" (1990) e os ensaios "O Mundo à revelia" (prefácio à obra "São Bernardo", de Graciliano Ramos, em 1974), "Traduzir-se - Ensaio sobre a poesia de Ferreira Gullar" (1982) e "A Dimensão da noite" (1992), entre outros. Ao longo dos anos de 1990 e 1991, João Luiz Lafetá é professor visitante de Literatura Brasileira no Lateinamerika, Instituto da Universidade Livre de Berlim. Nos últimos anos de sua vida, dedica-se à tese de livre-docência, centrada na obra de Graciliano Ramos, que ficará inacabada. Em sua homenagem, no ano de 2004, tem seu repertório crítico reunido por Antonio Arnoni Prado, e publicado sob o título "A Dimensão da noite e outros ensaios".
João Luiz Machado Lafetá falece em São Paulo, no dia 19 de janeiro de 1996.
