Sérgio Buarque de Holanda, jornalista, crítico literário, sociólogo e historiador, nasceu na cidade de São Paulo em 1902. Fez o curso primário na Escola Caetano de Campos e o secundário no Ginásio de São Bento. Formou-se na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, em 1925. Embora não tivesse participado da Semana de Arte Moderna em 1922, tornou-se o representante da revista Klaxon, editada em São Paulo pelos modernistas. Com Prudente de Morais Neto e Afonso Arinos de Melo Franco, publicou a revista Estética (1924). Colaborou com regularidade no Jornal do Brasil e na Revista do Brasil (2ª fase). Permaneceu na Alemanha, de 1928 a 1930, como correspondente dos Diários Associados. Inaugurando a Coleção Documentos Brasileiros dirigida por Gilberto Freyre, publica em 1936, seu primeiro livro, Raízes do Brasil. Foi professor da Universidade Federal do Distrito Federal (1936), chefe da Seção de Publicações do Instituto Nacional do Livro (1937-1944), diretor da Divisão de Consultas da Biblioteca Nacional (1946-1958), professor de História da Civilização Brasileira da USP (1956) - função em que se aposentou exercendo o cargo de chefe do Departamento de História do Brasil (1968). Foi presidente da Associação Brasileira de Escritores (1946 e 1947) e da Seção Regional de São Paulo da mesma entidade (1950). Trabalhou como crítico literário do Diário de Notícias (1943-1944) e do Diário Carioca (1951-1952). Reuniu em volume uma seleção de artigos de jornal, sob o título Cobra de vidro (1944) e publicou em 1945 o livro Monções, sobre a história paulista. Participou, sucessivamente, de três comitês da Unesco, em Paris, e pronunciou uma série de conferências na Sorbonne. Participou, também, em 1950, do Primeiro Seminário Internacional de Estudos Luso-Brasileiros, em Washington, além dos Colóquios Luso-Brasileiros, em Salvador (1959), e nas Universidades de Harvard e Columbia (1966). Na Itália (1953-1954) lecionou na Universidade de Roma, na cadeira de Estudos Brasileiros. Participou do IX Rencontres Internationales de Geneve, com a conferência L´ Europe et le Nouveau Monde. Publicou em 1957, o livro Caminhos e Fronteiras. Entrou para a Academia Paulista de Letras, em 1958, na vaga de Afonso de E. Taunay. Com a tese Visão do Paraíso (os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil), efetiva-se por concurso na Faculdade de Filosofia da USP, para reger a cátedra de História da Civilização. O texto corrigido e ampliado foi editado em 1959 pela Coleção Documentos Brasileiros. Foi diretor do Instituto de Estudos Brasileiros da USP (1962-1964). A convite da Universidade do Chile (Centro de Investigações de História Americana), ministrou curso e organizou seminários de História do Brasil. A convite do governo norte-americano, em 1965, percorreu várias universidades fazendo conferências e participando de seminários nas universidades de Columbia, Harvard e Califórnia (Los Angeles). Como Professor Visitante esteve na Universidade de Indiana e na New York State University. Aposentado em 1969, não interrompeu suas atividades como escritor, continuando à frente de publicações como a História Geral da Civilização Brasileira, da História do Brasil e da História da Civilização (coleção Sérgio Buarque de Holanda), entre outras atividades. Publicou, em 1975, Velhas Fazendas e, em 1979, Tentativas de Mitologias. Recebeu em 1980 dois prêmios: o Juca Pato, da União Brasileira dos Escritores, e o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro. Em 1986 foi publicado a sua obra póstuma O Extremo Oeste. Foi casado com Maria Amélia Alvim Buarque de Holanda e teve sete filhos: Heloísa Maria, Sérgio, Álvaro Augusto, Francisco, Maria do Carmo, Ana Maria e Maria Cristina. Faleceu na cidade de São Paulo, onde residia, em 24 de abril de 1982.
A Revista Médica da UNICAMP (RMU) foi fundada em outubro de 1989 como órgão oficial de divulgação científica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Surgiu da necessidade de criar um canal sério e ético para disseminar pesquisas médicas produzidas pela comunidade acadêmica da instituição, incluindo docentes, médicos, residentes e alunos, além de integrar-se com profissionais de saúde externos. Seu lançamento foi marcado pelo editorial do então diretor da FCM, Prof. Dr. José Martins Filho, que destacou a importância de um porta-voz científico para fortalecer a identidade da faculdade e promover a troca de conhecimentos além dos muros universitários.
Estrutura e Funcionamento
A RMU era regida por um regulamento detalhado, que definia sua organização em conselhos executivos, consultivos e editoriais, além de uma Secretaria Geral responsável pela logística e preparação dos materiais. O Conselho Executivo, composto por um Editor Chefe, Associado, Redator Secretário e outros membros, supervisionava todas as etapas editoriais, desde a avaliação de trabalhos até a distribuição da revista. O Conselho Editorial, formado por chefes de departamentos da FCM, assegurava a qualidade científica dos artigos submetidos, enquanto o Conselho Consultivo atuava como fiscal das atividades e sugeria melhorias.
Relevância Científica e Social
A revista destacava-se por publicar trabalhos originais e inéditos, revisões, relatos de casos, resenhas e discussões sobre temas médicos, seguindo rigorosas normas editoriais. Entre seus critérios, exigia-se que os artigos fossem redigidos em português (com resumos em inglês), estruturados em seções como introdução, metodologia e conclusão, e acompanhados de referências bibliográficas padronizadas. A RMU também valorizava a integração com a comunidade, distribuindo exemplares gratuitamente para bibliotecas nacionais e internacionais, promovendo permutas com outras revistas e facilitando o acesso a profissionais de saúde fora do ambiente acadêmico.
Sustentabilidade e Alcance
Era financiada por verbas do Hospital de Clínicas da UNICAMP (HC), vendas de assinaturas, doações e parcerias com a indústria farmacêutica. Sua distribuição incluía doações estratégicas para instituições congêneres, reforçando seu papel na democratização do conhecimento. Além disso, incentivava a participação discente: três acadêmicos da FCM integravam a Secretaria Geral, e dois Assessores Acadêmicos eram indicados pelo Centro Acadêmico Adolfo Lutz, garantindo que estudantes contribuíssem ativamente para a memória e divulgação da publicação.
O professor e médico Dr. Mario Mantovani (1940 - 2010) é figura de grande destaque na medicina brasileira. Nascido em 21 de julho de 1940, em Uberaba (MG), filho de imigrantes italianos, ele formou-se em Medicina pela Escola Paulista de Medicina, atual UNIFESP, em 1968. No ano seguinte, ingressou na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde consolidou sua trajetória acadêmica e profissional. Concluiu seu doutorado em 1973, tornou-se professor em 1978, quando obteve a Livre Docência em Cirurgia, e alcançou o título de Professor Titular em 1993.
Pioneirismo na Cirurgia de Trauma
Dr. Mantovani foi um entusiasta da Cirurgia de Urgência e Trauma, tendo criado, em 1987, a Disciplina de Cirurgia do Trauma na Unicamp. Este marco resultou na estruturação do atendimento a casos de urgências traumáticas e não traumáticas no Hospital de Clínicas da universidade, além da criação de uma enfermaria e um ambulatório específicos, que se tornaram referência nacional em ensino e pesquisa. Ele também foi responsável por ministrar disciplinas fundamentais, como Suporte Básico de Vida, Técnica Cirúrgica e Cirurgia do Trauma, contribuindo diretamente para a formação de gerações de médicos.
Legado Acadêmico e Científico
Dr. Mantovani desempenhou papel crucial na formação acadêmica e científica no Brasil. Criou a Residência Médica em Cirurgia do Trauma na Unicamp, voltada à especialização em atendimento a traumas e cirurgias de urgência. Fundou o LICIT (Laboratório de Investigação em Cirurgia do Trauma), localizado no Núcleo de Medicina e Cirurgia Experimental da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, que se tornou um centro de referência em pesquisas experimentais, formando diversos alunos de iniciação científica, mestres e doutores.
Sua contribuição científica é notável: publicou 230 artigos, editou 12 livros, escreveu 149 capítulos de obras, orientou 25 teses de mestrado e doutorado e participou de inúmeras bancas avaliadoras em instituições de todo o país. Organizou 20 congressos nacionais e cinco internacionais, consolidando sua liderança e influência na área.
“Pai das Ligas do Trauma”
Dr. Mantovani é reconhecido como o "pai das Ligas do Trauma" no Brasil. Ele fundou e incentivou a criação dessas ligas em diversas instituições, promovendo a especialidade de forma inovadora e eficiente. Em sua homenagem, ligas em São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro levam seu nome. Foi presidente do primeiro Congresso Brasileiro das Ligas do Trauma (CoLT), realizado em Campinas em 1999, além de presidir outros eventos de grande porte, como o X CoLT e o XXI Panamerican Trauma Congress em 2008, que marcaram a história da Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado (SBAIT).
Contribuições Administrativas e Reconhecimentos
Na Unicamp, ocupou cargos administrativos de destaque, incluindo a presidência do Comitê de Ética, a direção do Departamento de Cirurgia e a superintendência do Hospital de Clínicas. Como presidente da SBAIT em três gestões e da Comissão Especial Permanente de Trauma do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, ele consolidou a relevância do Brasil no cenário internacional.
Recebeu 34 homenagens ao longo da vida, sendo 18 delas de turmas de formandos de medicina, um reflexo de seu impacto como educador. Reconhecido por sua dedicação ao ensino, ética profissional e valorização da relação médico-paciente, Dr. Mario Mantovani deixa um legado inestimável, inspirando gerações de profissionais.
Sem dúvida, sua trajetória é um exemplo de excelência e compromisso com a medicina, a pesquisa e a educação, fazendo dele uma referência nacional e internacional em Cirurgia do Trauma e Urgência.
O Professor Emérito Doutor Oswaldo Vital Brazil é uma figura fundamental na história da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Filho do renomado médico e cientista Vital Brazil, fundador do Instituto Butantan, Oswaldo seguiu os passos do pai no campo da pesquisa científica e desempenhou um papel crucial na consolidação da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.
Inicialmente assistente na Universidade de São Paulo (USP), Oswaldo Vital Brazil chegou à Unicamp por indicação de Armando Otávio Ramos, que o considerava mais apto para o desafio. Assim, tornou-se o responsável por fundar e estruturar o Departamento de Farmacologia da FCM. Seu compromisso foi essencial para o sucesso do departamento, consolidando-o como referência no ensino e na pesquisa farmacológica.
Entre suas principais contribuições científicas, destacam-se os estudos pioneiros sobre o veneno de cobras, especialmente a crotoxina da cascavel, além da descoberta da ação neuromuscular dos antibióticos, esclarecendo complicações médicas até então pouco compreendidas. Ele também liderou pesquisas sobre toxinas (venenos) de serpentes e seus antagonistas, contribuindo significativamente para a toxicologia e farmacologia no Brasil.
Oswaldo Vital Brazil sempre enfatizou a importância da pesquisa aliada ao ensino, formando diversas gerações de profissionais e cientistas. Seus estudos são amplamente citados em teses, livros e revistas científicas internacionais, demonstrando a profundidade e o impacto de sua trajetória acadêmica.
Seu legado na FCM da Unicamp é inegável. Como professor e pesquisador, dedicou-se à construção de um ambiente acadêmico inovador e à formação de um centro de excelência em farmacologia. Sua paixão pelo conhecimento e sua dedicação ao ensino deixaram uma marca indelével na história da universidade e da ciência brasileira.
Nascido em Santos, São Paulo, no dia 11 de setembro de 1943, José Martins Filho trilhou um caminho de grande impacto na Medicina e na Educação Superior no Brasil. Desde os primeiros passos na graduação até a ocupação de cargos de liderança na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), consolidou-se como uma das figuras mais importantes da pediatria e da administração universitária no país.
Início da Carreira e Formação Acadêmica
O desejo de atuar na medicina levou José Martins Filho a ingressar na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, onde obteve seu diploma de médico. Desde cedo, demonstrou interesse especial pela pediatria, área à qual dedicaria toda a sua vida profissional. Seu aprofundamento nos estudos o levou a seguir carreira acadêmica na Unicamp, onde se tornou doutor em Medicina em 1972 e Professor Livre-Docente em 1976.
Naquele período, a Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp ainda estava em seus primeiros anos de existência. O professor José Martins Filho desempenhou um papel fundamental em sua consolidação, especialmente na área da pediatria. Em 1986, alcançou o posto de Professor Titular, coroando sua trajetória acadêmica e iniciando uma fase de intensas contribuições para a universidade.
Contribuições para a Pediatria e a Formação Médica
Sua atuação como pediatra e neonatologista sempre esteve aliada ao ensino e à pesquisa. Foi um dos grandes incentivadores do fortalecimento da residência em pediatria na Unicamp e do desenvolvimento de programas de especialização e pós-graduação na área. Durante sua gestão, ajudou a transformar a faculdade em um referência nacional em ensino, pesquisa e assistência pediátrica.
Além disso, teve um papel decisivo na implantação do Hospital das Clínicas da Unicamp, onde coordenou o Departamento de Pediatria e participou ativamente do planejamento da estrutura hospitalar, garantindo que o setor de pediatria fosse um dos mais bem desenvolvidos dentro da instituição. Seu compromisso com a qualidade do ensino e da assistência médica o levou também a atuar como Presidente da Comissão de Pós-Graduação em Pediatria e Presidente do Conselho de Administração do Hospital das Clínicas.
Reitor da Unicamp e Gestão Universitária
A trajetória acadêmica do Prof. Dr. José Martins Filho o levou naturalmente à administração universitária. Após atuar como Vice-Diretor e depois Diretor da Faculdade de Ciências Médicas, assumiu, em 1990, o cargo de Coordenador Geral da Universidade (Vice-Reitor) na gestão de Carlos Vogt. Seu perfil agregador e sua defesa de uma universidade mais democrática e participativa o destacaram na comunidade acadêmica.
Em 1994, venceu a consulta pública da universidade com 60,45% dos votos e foi nomeado Reitor da Unicamp pelo governador do Estado. Durante seu mandato, que durou até 1998, conduziu uma gestão focada na valorização dos recursos humanos, na reestruturação do ensino de graduação e na expansão da universidade. Entre suas realizações, destaca-se a ampliação dos cursos noturnos, possibilitando o acesso de mais estudantes à universidade pública, e a criação de programas voltados ao bem-estar de alunos e funcionários, como o Centro de Apoio aos Funcionários (CAF).
Além disso, liderou um projeto de urbanização e infraestrutura do campus, ampliando as instalações da área da saúde e modernizando laboratórios de pesquisa. Sua visão estratégica contribuiu para fortalecer a Unicamp como um dos maiores centros de ensino e pesquisa da América Latina.
Pesquisa e Contribuições Científicas
Paralelamente à sua atuação administrativa, José Martins Filho nunca deixou de lado sua paixão pela pesquisa. Tornou-se um referência internacional na área de nutrição infantil e aleitamento materno, sendo fundador do Grupo Nacional de Estímulo ao Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Lutou pelo aumento da licença-maternidade de três para quatro meses, defendendo a importância do vínculo materno nos primeiros meses de vida do bebê.
Seus estudos e iniciativas renderam-lhe diversos prêmios e reconhecimentos. Em 1996, recebeu o Prêmio Jabuti na categoria Ciências Humanas pelo livro "Lidando com Crianças, Conversando com os Pais". Em 2015, foi laureado com o Prêmio Mérito Científico da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas.
Além disso, ocupa a Cadeira 21 da Academia Brasileira de Pediatria, consolidando sua posição como um dos mais respeitados especialistas na área.
Legado e Influência
A vida e a obra do Prof. Dr. José Martins Filho são um testemunho de dedicação à educação, à pesquisa e à assistência médica. Seu trabalho moldou a formação de centenas de pediatras, impactou diretamente a estrutura da Unicamp e influenciou políticas públicas na área da saúde infantil.
Ao olhar para sua trajetória, percebe-se um profissional que não apenas construiu uma carreira brilhante, mas também contribuiu ativamente para a construção de uma universidade mais forte e de um país mais preparado para os desafios da saúde pública.
Seu legado permanece vivo na formação de novos médicos, na consolidação da pediatria como especialidade essencial para o desenvolvimento infantil e na história da Unicamp, onde sua presença marcou gerações de estudantes, professores e profissionais da saúde.
O Dr. José Lopes de Faria (1917-2009), natural do interior de Minas Gerais, foi um dos mais destacados anatomopatologistas do Brasil, com uma carreira que influenciou profundamente a área médica no país e no exterior. Filho de Ortiz Lopes de Faria e Maria Monteiro de Faria, era o primogênito de uma família de oito filhos. Graduou-se em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1941 e iniciou sua trajetória acadêmica como assistente voluntário na mesma instituição (1942-1943), sob a orientação do respeitado professor Baeta Viana, que o incentivou a continuar os estudos.
Ainda jovem, demonstrou inclinação para a pesquisa e a docência. Durante sua formação, trabalhou no laboratório de análises clínicas do Dr. Oromar Moreira, onde também preparava aulas práticas para o curso de Física Biológica. Ao final do curso, defendeu uma tese inovadora sobre os efeitos do tabaco descotinizado, o que chamou a atenção de importantes médicos como o Dr. Otávio Magalhães e abriu portas para sua carreira na USP.
Início de Carreira e Experiência Internacional
Após migrar para São Paulo, Dr. Lopes de Faria integrou o Departamento de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina da USP. Em 1954, obteve uma oportunidade marcante no Instituto de Patologia da Universidade de Freiburg, na Alemanha, sob a direção de Franz Büchner. Lá, destacou-se por suas pesquisas sobre a respiração de aviadores submetidos a grandes altitudes e morte súbita, contribuindo significativamente para o conhecimento médico global sobre o tema, até então restrito a estudos em animais.
Os elogios recebidos de Büchner em cartas enviadas à USP atestam a excelência de seu trabalho: ele foi descrito como um cientista de altíssimo nível, com profundo conhecimento da literatura científica alemã e habilidades notáveis na morfologia e patologia experimental.
Contribuição à Unicamp e Anatomopatologia no Brasil
Em 1963, Dr. Lopes de Faria ingressou na Unicamp, onde desempenhou um papel central na fundação do Departamento de Anatomia Patológica. Tornou-se professor titular em 1965 e dirigiu a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) em dois períodos (1967-1969 e 1972-1976). Sua liderança foi essencial para projetar a Unicamp como referência nacional em patologia.
Dr. Lopes de Faria foi um professor exigente e admirado, deixando um legado acadêmico baseado em ensino sólido e pesquisa experimental. Publicou mais de 80 trabalhos, com quase metade em revistas internacionais, além de cinco teses e monografias. Destacam-se suas investigações sobre lepra, esquistossomose, aneurismas dissecantes, alterações no choque e aterosclerose. Editou cinco livros, incluindo os clássicos "Tumores de Pele" e "Anatomia Patológica Geral", amplamente adotados em cursos de medicina no Brasil.
Reconhecimento e Legado
Aposentado compulsoriamente em 1987, Dr. Lopes de Faria recebeu o título de professor emérito da Unicamp em 1988, uma honraria entregue pelo reitor Paulo Renato Costa Souza. Apesar da aposentadoria, permaneceu ativo, revisando edições de suas obras e contribuindo com a ciência.
Além de ser um cientista brilhante, Dr. Lopes de Faria foi um mentor inspirador. Suas palavras de conselho refletem sua visão de vida: “Trabalhe, para chegar a um bom resultado”. Sua influência persiste, e seu nome é lembrado no Memorial de Anatomia Patológica da Unicamp.
Dr. José Lopes de Faria foi mais do que um anatomopatologista. Ele foi um pioneiro que uniu ensino, pesquisa e compromisso com a excelência, deixando um impacto indelével na medicina brasileira e formando gerações de profissionais.
Dr. José Francisco Figueiredo foi um renomado nefrologista, pesquisador e professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Reconhecido por suas contribuições pioneiras no campo da nefrologia e fisiologia renal, o professor deixou um legado de excelência acadêmica e científica.
Graduou-se em Medicina pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) em 1969. Iniciou sua carreira acadêmica como professor auxiliar na disciplina de Nefrologia da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) entre 1973 e 1976, obtendo em seguida seu doutorado na mesma instituição, em 1976. Posteriormente, realizou um prestigiado pós-doutorado na Cornell University Medical College, em Nova York, de 1976 a 1979, período em que ampliou sua expertise em transplante e conservação renal.
De volta ao Brasil, foi aprovado como professor adjunto da EPM, cargo que ocupou de 1980 a 1986, antes de ingressar na Unicamp, onde se estabeleceu como professor titular de nefrologia a partir de 1998. Sua atuação no ensino, na pesquisa e no cuidado com pacientes foi marcada pela liderança no desenvolvimento de técnicas de conservação e transplante de órgãos, além de sua ampla produção científica na área de fisiologia de órgãos e sistemas.
Ao longo de sua trajetória, Figueiredo também contribuiu para o avanço da pesquisa científica no Brasil como assessor e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Além disso, foi membro ativo da Sociedade Brasileira de Nefrologia, desempenhando papel importante na disseminação do conhecimento técnico-científico no campo.
Mesmo após sua aposentadoria, em 2004, continuou a se dedicar à ciência e à formação de novos profissionais como professor voluntário colaborador no Departamento de Cirurgia da FCM/Unicamp e como pesquisador no Laboratório de Nefrologia Experimental. Seu trabalho no laboratório foi amplamente reconhecido, incluindo uma homenagem em 2017 durante a X Semana de Pesquisa da FCM, pelo impacto de suas contribuições na Comissão de Pesquisa da faculdade entre 1984 e 1988.
Dr. José Francisco Figueiredo também foi responsável por coordenar o Laboratório de Conservação de Órgãos da FCM/Unicamp até sua extinção, em 2013. O conjunto documental produzido por ele reúne registros valiosos das orientações e pesquisas conduzidas não apenas na Unicamp, mas também em outras instituições de ensino onde atuou.
Seu legado ultrapassa as fronteiras acadêmicas, simbolizando a dedicação incansável à ciência, à formação de novos profissionais e à melhoria do cuidado médico no Brasil.
O Departamento de Tocoginecologia (DTG) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp foi fundado em 1966, após um concurso público que elegeu o Prof. Dr. Bussâmara Neme como seu primeiro professor titular. Inicialmente instalado no subsolo do Hospital Irmãos Penteado (anexo à Santa Casa de Campinas), o departamento contava com apenas 36 leitos e uma equipe reduzida de médicos, muitos atuando de forma voluntária. A estrutura modesta incluía salas para partos, pronto-atendimento e um gabinete improvisado para o diretor, que permanecia no local até mesmo durante a noite.
O DTG combina tradição acadêmica com inovação, sendo essencial para a formação de profissionais, produção de conhecimento e assistência à saúde da mulher. Sua atuação no CAISM e parcerias institucionais reforçam seu papel como referência nacional em tocoginecologia.
Principais Atividades
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Ensino e Formação Profissional
O DTG oferece programas de graduação, pós-graduação e residência médica, com foco em áreas como Saúde Materna e Perinatal, Oncologia Ginecológica e Mamária, e Fisiopatologia Ginecológica. Seu programa de pós-graduação visa formar pesquisadores-docentes capazes de produzir ciência de alto nível, atraindo profissionais como médicos, enfermeiros e psicólogos.
Além disso, realiza reuniões científicas semanais (às quintas-feiras) para difundir conhecimento sobre saúde da mulher, disponibilizadas online no YouTube. -
Pesquisa Clínica e Ética
Desde 1985, a Comissão de Pesquisa do DTG, vinculada ao Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM), avalia projetos de pesquisa com rigor ético. Pioneira nesse processo, a Profa. Ellen Hardy desenvolveu diretrizes ainda utilizadas hoje, como o documento "Conteúdos mínimos que um protocolo de pesquisa deve fornecer". Em 2019, por exemplo, 82 projetos foram analisados, sendo 81 submetidos à Plataforma Brasil, sistema nacional de registro de pesquisas. -
Assistência à Saúde
O DTG opera em conjunto com o CAISM, hospital referência em saúde da mulher, integrando ensino, pesquisa e atendimento. O CAISM oferece serviços especializados em obstetrícia, ginecologia, oncologia e neonatologia, além de colaborar com redes municipais de saúde e o Hospital de Clínicas da Unicamp.
Relevância Institucional
O DTG é um pilar da FCM/Unicamp, destacando-se por:
- Integração Multidisciplinar: Articula-se com departamentos como Pediatria e Enfermagem, além de serviços complementares como laboratórios e diagnóstico.
- Inovação Científica: Publicações em periódicos nacionais e internacionais reforçam sua contribuição para avanços em saúde feminina.
- Impacto Social: Programas como o Planejamento Familiar (atuante no Jardim das Oliveiras) e tecnologias para redução da prematuridade demonstram seu compromisso com a comunidade.
Liderança Atual
Em 2021, a chefia do departamento estava sob responsabilidade da Profa. Dra. Fernanda Garanhani de Castro Surita, mantendo a tradição de excelência iniciada por figuras como José Aristodemo Pinotti, um dos primeiros colaboradores do Prof. Neme.
O Departamento de Radiologia (DRX) da FCM-Unicamp é uma unidade acadêmica e de pesquisa dedicada ao ensino, à inovação tecnológica e à prestação de serviços em diagnóstico por imagem e oncologia. Sua história remonta à década de 1960, quando a necessidade de infraestrutura radiológica para o ensino médico motivou protestos estudantis, culminando na instalação do primeiro serviço de radiologia em 1968, em condições improvisadas na Santa Casa de Campinas. Em 1992, após décadas de crescimento, o DRX foi oficialmente instituído como departamento autônomo, consolidando-se como referência na área.
Principais Atividades
- Ensino e Formação: O DRX oferece residência médica e programas de pós-graduação, integrando teoria e prática em radiologia diagnóstica, intervencionista e oncologia.
- Pesquisa Científica: Produz artigos em periódicos especializados, capítulos de livros e participa ativamente de congressos nacionais e internacionais.
- Serviços Clínicos: Presta atendimento por meio de tecnologias de imagem avançadas, vinculado ao Hospital de Clínicas da Unicamp.
- Inovação: Desenvolve materiais didáticos audiovisuais e projetos técnicos para aprimorar o ensino e a prática médica.
Relevância Institucional
O DRX destaca-se por sua contribuição histórica para a estruturação da FCM, sendo pioneiro na integração de tecnologia médica no ensino. Sua produção acadêmica (como os 121 artigos publicados em 2008) e a participação em eventos científicos reforçam seu papel na formação de profissionais qualificados e na geração de conhecimento em radiologia e oncologia. Além disso, recebeu prêmios e mantém parcerias, evidenciando reconhecimento nacional e internacional.
Em síntese, o DRX é um pilar da FCM-Unicamp, alinhando tradição acadêmica, excelência em pesquisa e compromisso social na área da saúde.
